Lula desafia Macron em Paris: “Não sairei do Mercosul sem concluir acordo com a União Europeia” durante visita que reforça parceria Brasil-França.

Durante uma visita de Estado à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso do Brasil em fortalecer a parceria estratégica com o país europeu. Essa visita, que marca um retorno das relações após mais de uma década sem a presença de um líder brasileiro em solo francês, ocorreu em 5 de junho, data emblemática por coincidir com o Dia Mundial do Meio Ambiente. Lula enfatizou a importância desta reaproximação, que teve início com uma visita anterior de Emmanuel Macron ao Brasil em 2023.

Um dos pontos centrais da reunião entre os dois líderes foram os acordos de cooperação assinados, que totalizaram mais de 20 compromissos focados em áreas como desenvolvimento sustentável, defesa e segurança. O presidente brasileiro destacou dois acordos significativos nas áreas de hidrogênio de baixo carbono e descarbonização do setor marítimo, apontando que tais iniciativas são cruciais para enfrentar a crise climática global.

Lula abordou também a importância da segurança nas fronteiras, especialmente no que diz respeito à Guiana Francesa. Ele ressaltou a necessidade de integrar esforços com as autoridades francesas para combater crimes transnacionais, incluindo tráfico de drogas e mineração ilegal, além de desmatamento na Amazônia. Foi assinado um novo acordo entre a Polícia Federal brasileira e autoridades francesas para reforçar essa cooperação.

Durante o encontro, o presidente brasileiro manifestou sua preocupação com o comércio bilateral, que apresenta números aquém do esperado. Lula criticou o baixo volume de trocas comerciais, que em 2024 foi inferior ao registrado em 2012, e defendeu uma maior integração entre as cadeias produtivas dos dois países. Ele reiterou a sua determinação de finalizar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia antes de encerrar seu mandato como presidente do bloco, desafiando Macron a abrir-se para essa possibilidade.

Além das questões bilaterais, Lula também discutiu problemas globais, incluindo a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Em um momento emocional, ele homenageou figuras como Bruno Pereira e Dom Phillips, reiterando o compromisso do Brasil com a democracia e o desenvolvimento sustentável, afirmando que respeitar seus legados implica garantir que suas lutas não tenham sido em vão.

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