Lula busca ampliar sua base de apoio partidário na corrida eleitoral
O presidente Lula parece determinado a expandir a coalizão de partidos que o apoiam desde sua primeira candidatura à presidência da República. O seu foco não se restringe apenas a partidos de esquerda; Lula visa atrair siglas que ocupam o centro do espectro político, mesmo correndo o risco de incluir aliados que, muitas vezes, não garantem a quantidade mínima de votos necessários no Congresso.
A trajetória política de Lula revela que suas alianças nem sempre foram as mais robustas. Em 1989, na sua primeira disputa presidencial, ele contou apenas com o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e do Partido Socialista Brasileiro (PSB), sendo derrotado por Fernando Collor. Antes disso, em 1984, Lula teve o apoio de praticamente todos os partidos de esquerda, mas também não conseguiu vencer Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que era amplamente reconhecido como o arquiteto do Plano Real, um marco que transformou a economia brasileira.
Fernando Henrique, que conseguiu manter a inflação sob controle e promover a distribuição de renda, viu seu prestígio se consolidar, garantindo sua reeleição em 1998. Em contrapartida, a eleição de 2002 marcou a ascensão de Lula, impulsionado por uma coligação que incluía o PT, o PC do B e outros partidos, inclusive o PL, hoje associado a setores da direita.
Examinando melhor suas alianças, em 2006, Lula teve o apoio de apenas três partidos, mas conseguiu ser reeleito de forma confortável, encerrando seu mandato em 2010 como o presidente mais popular da história do Brasil. A sucessão de Dilma Rousseff, que foi reeleita em 2014, acabaria por se tornar uma história diferente, culminando em sua deposição em 2016 pelo Congresso.
Em 2022, Lula formou a maior coalizão de sua carreira, integrando uma vasta gama de partidos, como PSB, PSOL e REDE. No entanto, sua vitória foi apertada contra Jair Bolsonaro, que, curiosamente, foi o único presidente da história recente a não conseguir a reeleição.
Agora, à beira de novas eleições, Lula aparenta seguir o caminho da esquerda, encontrando-se em um cenário político onde a base partidária parece mais fragmentada. As dinâmicas contemporâneas do Congresso, que detém uma significativa parcela do Orçamento da União, indicam que a governabilidade exigirá mais do que apenas uma coalizão de partidos tradicional. Lula reconhece os desafios que vêm a seguir e ajusta seu discurso para reconquistar o eleitorado de esquerda que, por um tempo, ele se afastou.
O futuro político de Lula, e sua capacidade de vencer em 2026, dependem não apenas de sua habilidade de formar novas alianças, mas também de reencontrar a sintonia com suas bases tradicionais. A próxima eleição poderá ser um ponto de virada, mas sem uma estratégia eficaz, os riscos de uma derrota se intensificam.