O PEB, que abrange atividades tanto civis quanto militares, é coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e pela Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo Annibal Hetem Junior, professor de engenharia aeroespacial na Universidade Federal do ABC, a criação da Alada visa suprir a lacuna existente, uma vez que a AEB não possui um departamento dedicado à engenharia, o que limita sua atuação na prática. “A criação desta nova estatal traz uma abordagem mais focada em desenvolver tecnologias e infraestrutura necessárias para a exploração espacial”, destaca o professor.
Em lugar de ser um departamento dentro da AEB, a Alada funcionará como uma subsidiária da NAV, a estatal de serviços de navegação aérea, ganhando mais autonomia e flexibilidade para se adaptar às demandas do setor. O senador Marcos Pontes, ex-astronauta e ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, prevê que a empresa poderá faturar até US$ 3 bilhões com apenas 1% do mercado global de lançamentos de pequenos e microsatélites. Essa expectativa reflete a importância da iniciativa para a economia brasileira.
Além do impulso econômico, a Alada também tem o potencial de contribuir para a segurança nacional. A união de esforços entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério da Defesa permitirá a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de uso dual, ou seja, que podem ser aplicadas tanto em contextos comerciais quanto militares. Isso abrange inovações em sistemas de vigilância via satélite e tecnologias de defesa espacial.
O Brasil conta atualmente com o Centro de Lançamento de Alcântara, considerado um dos melhores do mundo, cuja utilização ainda é subexplorada. A possibilidade de impulsionar o setor, especialmente após o cancelamento do programa do Veículo Lançador de Satélites (VLS), pode ser um dos papéis mais relevantes que a Alada assumirá.
Além da contribuição científica, a Alada é vista como um agente motivador para a prosperidade econômica e o desenvolvimento tecnológico no País. Ela pode ajudar a reter talentos no Brasil, onde a fuga de cérebros tem sido uma preocupação constante. A capacidade de produzir tecnologias que possam ser comercializadas internacionalmente pode não apenas fortalecer a economia local, mas também criar uma cultura de inovação e crescimento.
Em suma, a iniciativa de criar a Alada sublinha o compromisso do governo brasileiro com o avanço da exploração espacial e a segurança nacional, posicionado o Brasil como um ator relevante no cenário aeroespacial global. As expectativas estão altas, tanto para o desenvolvimento de novas tecnologias quanto para a implementação de uma estratégia sólida que maximize o uso do patrimônio estratégico que o Brasil possui em termos de infraestrutura e know-how no setor.