O presidente destacou que a globalização neoliberal não apenas falhou, mas também gerou um sentimento de desorientação na comunidade internacional, que parece resignada a transitar por conflitos de poder sem um direcionamento claro. Lula expressou preocupação com a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considerou ineficaz e incapaz de lidar com as dinâmicas atuais de conflito e segurança. Ele apontou que a utilização do veto por membros permanentes do conselho perpetua desigualdades e ignora as necessidades de vários países, o que coloca em risco a estabilidade global.
Adicionalmente, Lula fez críticas severas a intervenções internacionais mal sucedidas em nações como Afeganistão e Líbia e às sanções unilaterais que, segundo ele, dificultam a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em meio a esse cenário, chamou a atenção para a importância da diplomacia, alertando que, atualmente, ela está sendo suprimida por atitudes intransigentes.
Ao abordar questões fiscais, Lula enfatizou a proposta de taxação dos super-ricos como um caminho para gerar recursos significativos que possam ser alocados em desafios sociais e ambientais. Ele defendeu que essa iniciativa pode arrecadar cerca de 250 bilhões de dólares anualmente, enfatizando que a busca por soluções deve ser global e inclusiva. Para Lula, um futuro multipolar está ao nosso alcance, mas é imprescindível otimizar as instituições internacionais para que sejam mais representativas e equilibradas.
O discurso do presidente encerrou-se com uma reflexão poética, ao citar Carlos Drummond de Andrade, frisando que para evitar o “Congresso Internacional do Medo”, é necessário superar inseguranças e promover um diálogo mais aberto entre as nações. O apelo por um multilateralismo renovado destaca o compromisso de Lula em buscar uma governança global mais justa e eficaz, num momento em que o mundo enfrenta vários desafios interligados.