Lula afirma que “globalização neoliberal fracassou” ao defender multilateralismo e mudanças no G20 em discurso contundente sobre crises econômicas e desigualdades sociais.

No último dia 18 de novembro, durante a abertura da segunda sessão da reunião de líderes do G20, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente sobre a falência da globalização neoliberal e a necessidade urgente de um sistema multilateral mais eficaz. Lula destacou que a história do G20 está intimamente ligada às crises econômicas que abalaram o mundo nas últimas décadas, especialmente nas décadas de 1990, quando as prioridades das políticas internacionais foram questionadas. Ele criticou a abordagem adotada por líderes na época, que optaram por socorrer bancos em detrimento de esforços para apoiar as populações mais vulneráveis. Essa escolha, segundo ele, resultou em um crescimento econômico que não beneficiou aqueles que mais precisavam.

O presidente destacou que a globalização neoliberal não apenas falhou, mas também gerou um sentimento de desorientação na comunidade internacional, que parece resignada a transitar por conflitos de poder sem um direcionamento claro. Lula expressou preocupação com a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considerou ineficaz e incapaz de lidar com as dinâmicas atuais de conflito e segurança. Ele apontou que a utilização do veto por membros permanentes do conselho perpetua desigualdades e ignora as necessidades de vários países, o que coloca em risco a estabilidade global.

Adicionalmente, Lula fez críticas severas a intervenções internacionais mal sucedidas em nações como Afeganistão e Líbia e às sanções unilaterais que, segundo ele, dificultam a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em meio a esse cenário, chamou a atenção para a importância da diplomacia, alertando que, atualmente, ela está sendo suprimida por atitudes intransigentes.

Ao abordar questões fiscais, Lula enfatizou a proposta de taxação dos super-ricos como um caminho para gerar recursos significativos que possam ser alocados em desafios sociais e ambientais. Ele defendeu que essa iniciativa pode arrecadar cerca de 250 bilhões de dólares anualmente, enfatizando que a busca por soluções deve ser global e inclusiva. Para Lula, um futuro multipolar está ao nosso alcance, mas é imprescindível otimizar as instituições internacionais para que sejam mais representativas e equilibradas.

O discurso do presidente encerrou-se com uma reflexão poética, ao citar Carlos Drummond de Andrade, frisando que para evitar o “Congresso Internacional do Medo”, é necessário superar inseguranças e promover um diálogo mais aberto entre as nações. O apelo por um multilateralismo renovado destaca o compromisso de Lula em buscar uma governança global mais justa e eficaz, num momento em que o mundo enfrenta vários desafios interligados.

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