No entanto, a ação das autoridades municipais parece estar mais próxima de uma tentativa de cumprir protocolos do que realmente construir uma rede de apoio efetiva para as mães. Falar sobre a relevância da amamentação até os seis meses de forma exclusiva, e sua manutenção com alimentos complementares até os dois anos ou mais, soa como uma repetição de mantras científicos que as mães já conhecem, sem agregar um verdadeiro suporte para que isso se torne uma realidade para todas as famílias.
A campanha idealiza o leite materno como o alimento essencial para o desenvolvimento infantil, listando benefícios que já são amplamente difundidos, como a melhoria na digestão, a redução do risco de doenças alérgicas e a minimização das cólicas. No entanto, é preciso questionar se o simples ato de promover essas informações é suficiente. As mães enfrentam desafios diários que incluem falta de tempo, apoio insuficiente de suas redes familiares e sociais, pressão profissional e, em muitos casos, ausência de licença-maternidade adequada e prolongada.
Em um cenário onde a infraestrutura e o apoio necessários estão frequentemente ausentes, convidar as mulheres a abraçarem a amamentação “em todas as situações” sem oferecer um suporte tangível parece ser uma utopia distante da realidade. A proposta apresenta-se superficial, ignorando a complexidade do ato de amamentar, que envolve não apenas o conhecimento sobre seus benefícios, mas também um ambiente propício e acolhedor.
Portanto, fica evidente que há uma dissonância entre o ideal proposto pela Semuc e o que realmente precisa ser feito para garantir que mais mães possam amamentar seus filhos de forma tranquila e segura. O discurso, por mais bem-intencionado que seja, necessita de uma concretização prática mais robusta que vá além de meras palavras e slogans de campanha.
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