A coleção, criada por Claude Renard nos anos 1960, foi a primeira de mecenato industrial na França, com o intuito de ser acessível aos colaboradores da empresa e ao público em geral através de exposições. No entanto, a filha do especialista, Delphine Renard, denuncia que a venda das obras é uma traição ao espírito original da coleção, que não deveria ser dispersada ou revendida, de acordo com os contratos estabelecidos com os artistas na época.
O descontentamento com o leilão não se limita à família Renard. Cerca de quinze artistas e representantes de espólios, incluindo os de Niki de Saint-Phalle e Jean Tinguely, se opõem categoricamente à dispersão de uma parte importante da coleção. A preocupação é que a venda de apenas 10% do acervo, composto por 350 obras, comprometa a preservação e exposição do restante das obras.
Para tranquilizar os críticos, a Renault declarou que criará um fundo para preservar e expor as demais obras, além de apoiar a arte urbana atual. A empresa se inspirou nas fundações filantrópicas de grandes magnatas e empresas americanas para promover seu trabalho de mecenato, mostrando um compromisso com a arte e a cultura.
Diante da polêmica gerada por esse leilão, a França aguarda para ver o desfecho dessa disputa entre interesses comerciais e artísticos, numa batalha que envolve não apenas valores monetários, mas também uma herança cultural e artística única.