Leilão de Cepacs na Faria Lima promete alta demanda, mas especialistas divergem sobre valores; expectativa de ágio entre 40% e 50% gera incertezas no mercado.

O esperado leilão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) da Operação Urbana Faria Lima, programado para o dia 19 deste mês na B3, promete movimentar o cenário imobiliário da cidade de São Paulo. Com a oferta de 164,5 mil títulos, o equivalente a 75% do estoque total autorizado, analistas do setor o consideram um dos leilões mais aguardados dos últimos anos. Os preços começam em R$ 17,6 mil por título, podendo gerar uma movimentação de até R$ 2,89 bilhões caso todos os títulos sejam vendidos pelo valor mínimo.

Incorporadoras e investidores estão demonstrando um forte apetite por Cepacs, pois estes permitem a construção de empreendimentos acima dos limites estabelecidos na região, que é uma das mais valorizadas do mercado imobiliário paulistano. Cada título possibilita a ampliação da área construída entre 0,5 e 2,8 metros quadrados, o que é especialmente atrativo em áreas centrais, onde a demanda por lajes corporativas e residenciais é intensa.

No entanto, a expectativa de um ágio de 40% a 50%, elevando os preços para R$ 25 mil, encontra resistência entre alguns especialistas. Eles alertam que uma valorização tão acentuada poderia inviabilizar novos empreendimentos, dado o aumento nos custos de construção e a dificuldade de se obter financiamentos. O presidente da consultoria CBRE destacou que, embora haja demanda, muitos clientes potenciais estão encontrando barreiras financeiras que limitam sua participação no leilão.

O histórico de leilões anteriores também fornece um contexto importante. No último realizado em 2021, apenas 10,3 mil títulos foram vendidos, e no leilão de 2019, o aumento da procura fez com que os preços subissem dramaticamente. Especialistas do setor apontam que, desta vez, a maioria dos participantes já definiu um teto de preço que estão dispostos a pagar, o que pode resultar em uma competição menos acirrada do que alguns preveem.

Outra consideração importante é o perfil dos compradores. Especialistas acreditam que a participação estará majoritariamente concentrada em empresas que pretendem realmente lançar projetos, enquanto especuladores podem não se arriscar devido à natureza limitada dos Cepacs e ao avanço da Operação Urbana Faria Lima, que está em seus estágios finais. A expectativa, portanto, é de que o leilão atraia um público seleto, focado em viabilizar projetos concretos, o que pode moderar a pressão sobre os preços e garantir um certame mais estruturado.

Ao final, o leilão de Cepacs da Faria Lima se configura como um momento decisivo para o futuro do mercado imobiliário na região, refletindo as complexidades e oportunidades que envolvem um dos mais dinâmicos cenários urbanos do Brasil.

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