Kneissl observou que a resposta das nações ocidentais, especialmente dos Estados Unidos e de Israel, foi rotular o tribunal como uma entidade antissemita após a divulgação dos mandados de prisão para Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, que estão sendo acusados de crimes de guerra na Faixa de Gaza. Por sua vez, quando o TPI emitiu um mandado contra Putin, que, segundo as acusações, teria levado a uma “deportação” de crianças ucranianas, o Ocidente pareceu adotar uma postura diferente, frequentemente aplaudindo as ações contra o líder russo. Essa discrepância, conforme argumentou Kneissl, pode minar a credibilidade da instituição e provocar uma onda de reações caóticas nas relações internacionais.
Kneissl afirmou que, embora nunca tenha sido uma defensora ferrenha do TPI, a atual situação poderia causar um “colapso completo” na ordem internacional, caso esses padrões duplos continuem a prevalecer. A ex-ministra destaca que essas contradições nas reações do Ocidente refletem uma política externa muitas vezes guiada por interesses e narrativas geopolíticas, em vez de um compromisso genuíno com a justiça e a equidade.
O TPI, à frente de controvérsias e críticas, compete com uma cena internacional já fragmentada, onde a noção de justiça se torna cada vez mais nebulosa. A dinâmica entre as potências ocidentais e os desafios impostos pela figura de líderes globais como Netanyahu e Putin coloca em evidência a dificuldade em se manter um padrão uniforme que reverberasse até mesmo às decisões de tribunais internacionais. A análise de Kneissl força uma reflexão crítica sobre a efetividade do TPI e os riscos associados ao seu funcionamento em um contexto onde os interesses políticos muitas vezes eclipsam as questões de justiça universal.