Na abertura do seminário intitulado Democracia: Substantivo Feminino na última segunda-feira, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), abordou questões críticas ligadas à desigualdade e à violência no Brasil. Em um contexto onde o direito à igualdade entre gêneros é garantido pela Constituição, a ministra enfatizou que as realidades sociais mostram um cenário alarmante de discriminação e preconceito, especialmente em relação às mulheres e crianças.
Cármen Lúcia destacou a importância do seminário, que coincidia com a véspera do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, celebrado no dia 25 de novembro e que marca o início de 16 dias de atividades de conscientização. Durante seu discurso, a ministra sublinhou a ideia de que, apesar das diferentes formas de violência que todas as mulheres brasileiras enfrentam, as mulheres negras, particularmente aquelas em situação de vulnerabilidade econômica, são as mais afetadas. Essa desigualdade ainda é exacerbada pela falta de acesso a serviços essenciais como educação e saúde.
“A maior parte do povo brasileiro é mulher, e o poder deve ser exercido por todas as vozes da sociedade civil”, afirmou a ministra, reforçando a importância da participação feminina nas discussões sobre democracia e igualdade. Cármen Lúcia aproveitou para convizar as mulheres a se unirem em busca de soluções práticas, destacando que “juntas somos mais” e que a colaboração é essencial para criar um país mais justo e igualitário.
Ela também refletiu sobre o compromisso de sua vida na luta pela igualdade. Embora o Artigo 5º da Constituição brasileira assegure igualdade de direitos, ele ainda não se traduz em ações efetivas que coloquem um fim à violência de gênero. Infelizmente, os dados revelam uma realidade devastadora: uma mulher é assassinada a cada seis horas no Brasil, um reflexo de uma sociedade que falha em reconhecer e proteger a dignidade feminina.
Referindo-se à crueldade que pode existir na natureza humana, a ministra citou um professor que afirmava temer menos os animais do que os seres humanos, que são capazes de negar a própria essência e perpetuar a violência. “Não queremos uma sociedade apenas de mulheres, mas sim um espaço onde homens e mulheres tenham direitos e dignidade iguais”, concluiu, reiterando a união como chave para transformar o Brasil e construir um futuro sem desigualdades.









