JUSTIÇA – Testemunha revela reunião em que Bolsonaro questionou possibilidade de reverter resultados das urnas após eleições de 2022, em audiência no STF.

O ex-advogado-geral da União, Bruno Bianco, prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, revelando detalhes de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro realizada após as eleições de 2022. Durante o encontro, Bolsonaro indagou Bianco se havia algum meio jurídico que pudesse ser utilizado para contestar o resultado das urnas. Essa informação surge em meio a uma investigação sobre uma suposta trama golpista destinada a manter Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições.

Bianco confirmou que a reunião ocorreu em 1º de novembro de 2022, e que tinha como foco questões relacionadas ao processo eleitoral. Em resposta ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bianco reiterou que o então presidente questionou se ele via alguma possibilidade de reverter o resultado das eleições. Bianco declarou que, em sua perspectiva, o pleito foi realizado de forma adequada e sem problemas jurídicos. “O presidente, pelo menos na minha frente, se deu por satisfeito”, afirmou.

Além de Bianco, outros dois ex-ministros do governo Bolsonaro foram ouvidos na mesma sessão: Wagner Rosário, ex-ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, e Adolfo Sachsida, ex-ministro das Minas e Energia. Ambos foram questionados sobre uma reunião ministerial que ocorreu em julho de 2022, na qual o presidente teria solicitado que os ministros se esforçassem para questionar o processo eleitoral. Ambos negaram a discussão sobre planos golpistas, afirmando que o foco das reuniões foi identificar possíveis fragilidades no sistema eleitoral.

A reunião que envolveu Bianco contou também com a presença dos três comandantes das Forças Armadas à época, além do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O ex-ministro Anderson Torres, cuja defesa estava em jogo, não foi claramente lembrado por Bianco como estando presente.

As audiências do caso continuam, com testemunhos agendados para esta sexta-feira, envolvendo não apenas defensores de Torres, mas também figuras proeminentes da administração de Bolsonaro. A ação penal 2668 foi instaurada após a aceitação da denúncia da Procuradoria Geral da República e inclui o próprio Bolsonaro como um dos réus, investigado por sua suposta liderança na tentativa de deslegitimar o resultado eleitoral. O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, impediu gravações das audiências e permitiu apenas a presença de jornalistas para acompanhar os depoimentos no plenário do STF.

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