JUSTIÇA – Supremo Tribunal Federal torna réus sete ex-integrantes da Polícia Militar do DF por omissão em atos antidemocráticos de 2023

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria, tornar réus sete integrantes da antiga cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Eles são suspeitos de omissão durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.

Os ministros Cristiano Zanin e Cármen Lúcia seguiram o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes. O recebimento da denúncia está sendo julgado pelo colegiado, atualmente formado por quatro ministros, no plenário virtual, onde os votos são computados por via eletrônica, sem debate. A sessão de julgamentos está prevista para durar até 20 de fevereiro.

A denúncia contra os oficiais da PMDF foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por omissão durante os atos golpistas. A acusação detalha que os réus teriam conspirado desde o ano anterior em favor de um levante popular pró-Bolsonaro e deixaram deliberadamente que os crimes fossem cometidos em 8 de janeiro.

A denúncia menciona a troca de mensagens entre os acusados que demonstram inconformismo com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição e a expectativa de uma intervenção militar para impedir sua posse. A PGR apresentou ainda vídeos demonstrando a inação dos policiais militares.

Todos foram denunciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e por violações à Lei Orgânica da PMDF.

No seu voto, Moraes afastou alegações das defesas de que o Supremo não teria a competência para julgar a alta cúpula da PM e rechaçou a inépcia da denúncia, alegada por todas as defesas. Além disso, o ministro argumentou que os denunciados detinham conhecimento antecipado dos riscos inerentes aos atentados de 8 de janeiro de 2023.

Segundo Moraes, os denunciados integravam o núcleo de autoridades públicas investigadas por omissão imprópria, o que possibilitou a execução dos atentados materiais contra as sedes dos Três Poderes. O relator também defendeu a manutenção da prisão preventiva de todos os policiais militares, de modo a não colocar em risco as investigações.

Os militares denunciados são: coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-comandante-geral da PMDF; coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PMDF; coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF; coronel Paulo José Ferreira de Sousa, ex-comandante interino do Departamento de Operações da PMDF; coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF; major Flávio Silvestre de Alencar, PM que estava trabalhando durante o 8 de Janeiro; e tenente Rafael Pereira Martins, PM que estava trabalhando durante o 8 de Janeiro.

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