Tagliaferro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a acusação de ter cometido crimes como violação de sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de investigação penal. As investigações da Polícia Federal revelaram que ele estaria envolvido no vazamento de conversas internas entre funcionários do gabinete do ministro, um ato que é considerado uma grave infração no contexto judicial.
Segundo as informações apresentadas, Tagliaferro alega que as conversas que vazou poderiam evidenciar supostas ilegalidades cometidas por Moraes durante seu tempo como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022. Entretanto, o ministro sempre negou qualquer tipo de irregularidade em sua atuação. Eduardo Tagliaferro tinha sido nomeado para a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), um setor que atuou ativamente durante as eleições presidenciais de 2022.
Em um desdobramento mais recente, Tagliaferro foi demitido por Moraes em 2023, após ser acusado de violência doméstica, um episódio que adicionou uma camada adicional de polêmica ao seu perfil e às suas ações.
Durante o julgamento, o ministro Alexandre de Moraes, que também é o relator do caso, e os demais ministros Cristiano Zanin, Flavio Dino e Cármen Lúcia não hesitaram em concordar com a decisão de tornar Tagliaferro réu. Moraes ressaltou que o ex-assessor divulgou informações sensíveis para a imprensa e repassou diálogos mantidos com servidores do TSE sobre processos que estavam em curso, um comportamento claramente equivalente à violação de sigilo.
Apesar da sua ligação direta com o acusado, Moraes decidiu não se declarar impedido de analisar o caso, sustentando que não existem elementos concretos que demonstrem interesse pessoal no desfecho legal. Tagliaferro, que possui cidadania dupla e se encontra na Itália, é alvo de um pedido de extradição apresentado pelo governo brasileiro, o que traz mais complexidade à situação. Essa decisão do STF marca um importante momento no tratamento de questões de transparência e ética dentro das esferas de poder, refletindo os desafios enfrentados pelo sistema judiciário brasileiro.
