Durante o período das audiências, a veiculação dos depoimentos foi restrita, com o objetivo de evitar eventuais combinações de versões entre as testemunhas. Agora, com os áudios e vídeos disponíveis, será possível observar os detalhes das declarações. As evidências apresentadas até o momento incluem testemunhos que implicam o ex-presidente Jair Bolsonaro na elaboração de estudos jurídicos para a potencial decretação de um Estado de Sítio, bem como ações relacionadas à Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Por outro lado, as testemunhas que compõem a defesa de Bolsonaro e de outros réus desqualificaram as acusações, negando qualquer participação dos acusados em tentativas golpistas e alegando que Bolsonaro não solicitou os estudos mencionados. Durante os depoimentos, um episódio ganhou destaque: o general Marco Antônio Freire Gomes foi confrontado por Moraes ao tentar minimamente distorcer declarações do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, que teria supostamente oferecido apoio para ações golpistas.
Além disso, a audiência de 21 de maio revelou que o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, confirmou a ocorrência de uma reunião na qual foram discutidos os mecanismos para a declaração de estado de sítio. Também foi mencionado que Freire Gomes teria se comprometido a prender Bolsonaro caso essas medidas fossem efetivadas, uma afirmação que o general negou posteriormente.
As tensões no tribunal foram evidentes, com Moraes aplicando advertências a testemunhas e advogados em alguns momentos, destacando que não toleraria qualquer forma de ‘circo’ nas audiências. Em meio a isso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que depôs como testemunha de defesa, assegurou que Bolsonaro nunca teria mencionado a ideia de ruptura institucional em conversas com ele.
Com o desfecho da fase inicial de depoimentos, os interrogatórios dos réus, incluindo Jair Bolsonaro, estão agendados para 9 de junho, onde se espera que definições importantes sobre as acusações sejam postas em pauta. Os principais réus enfrentam acusações severas, podendo resultar em penas superiores a 30 anos de detenção, caso sejam considerados culpados. A expectativa é que o julgamento ocorra ainda este ano, trazendo mais clareza a um caso que tem capturado a atenção da sociedade brasileira.