Durante a audiência, Moraes questionou diretamente Freire Gomes sobre um trecho fundamental de seu depoimento à Polícia Federal, onde o general mencionou que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, teria se colocado à disposição de Bolsonaro. O ministro perguntou: “O senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui?”. A indagação gerou tensão, e o general, em defesa de sua integridade, respondeu que “nunca mentiria” em seus 50 anos de Exército, embora tentasse esclarecer que não poderia interpretar a intenção de Garnier ao se pronunciar da maneira que o fez.
Em outro momento da audiência, Freire Gomes refutou a alegação de que teria dado voz de prisão a Bolsonaro em uma reunião onde se discutiam propostas de decretação de um Estado de Sítio. Ele afirmou que havia alertado o ex-presidente sobre os limites jurídicos da discussão, mas negou qualquer forma de intimidação durante o encontro. “A alerta era para que ele não se desviasse dos aspectos jurídicos, pois isso poderia implicá-lo legalmente”, explicou o general.
A audiência também foi marcada pela irritação de Moraes em relação ao advogado Eumar Novak, defensor do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Durante seu interrogatório, Novak repetiu várias vezes a mesma pergunta sobre a participação de Torres em reuniões com Freire Gomes, levando o ministro a interromper. Moraes enfatizou que a sequência de perguntas estava se tornando um circo, reiterando a necessidade de respeito ao processo legal.
Os desdobramentos dessa audiência estão longe de acabar, uma vez que a investigação continua a explorar as ramificações da suposta tentativa de desestabilização do governo eleito e as implicações legais para todos os envolvidos.