JUSTIÇA – STF Inicia Julgamento sobre Vínculo Empregatício de Motoristas e Entregadores de Aplicativos na Próxima Quarta-feira

O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a iniciar um julgamento crucial na próxima quarta-feira, dia 1º, que pode redefinir as relações de trabalho no que se refere a motoristas e entregadores que atuam por meio de plataformas digitais. Essa questão é parte do fenômeno amplamente discutido da “uberização” das relações laborais, que se refere ao modelo de prestação de serviços em regime autônomo, mas que, na prática, suscita debates sobre a existência de um vínculo empregatício.

Este julgamento é relevante não apenas pela sua abrangência, mas também porque pode impactar cerca de 10 mil processos que aguardam uma decisão da Corte, que está pendente desde que decisões anteriores da Justiça do Trabalho reconheceram, em muitos casos, a relação de emprego entre as plataformas e seus colaboradores.

No centro da discussão estão duas ações julgadas por Edson Fachin e Alexandre de Moraes, ministros que lideram os processos originados de recursos interpostos por empresas como Uber e Rappi. Essas empresas contestam as decisões da Justiça do Trabalho que estabeleceram vínculos trabalhistas com seus motoristas e entregadores, expondo uma clara divisão entre a interpretação das leis e a natureza da prestação de serviços nesse novo formato.

A Rappi argumenta que as interpretações que reconhecem o vínculo de emprego desconsideram entendimentos anteriores do próprio STF, que indicam a ausência de um vínculo formal. Por sua vez, a Uber enfatiza que se posiciona como uma empresa de tecnologia, argumentando que o reconhecimento de um vínculo trabalhista comprometeria a própria natureza do seu modelo de negócios e infringiria o princípio da liberdade econômica.

Durante o julgamento, além das alegações das plataformas, os ministros ouvirão os argumentos de entidades que defendem a formalização do vínculo trabalhista para motoristas e entregadores. Essa audiência promete ser um marco importante no debate sobre os direitos trabalhistas em um mundo cada vez mais digitalizado.

Este será o primeiro caso abordado sob a presidência de Edson Fachin, que assume o cargo na próxima segunda-feira. Ele sucede Luís Roberto Barroso, que esteve à frente do STF nos últimos dois anos. A expectativa é grande em torno das repercussões desse julgamento, tanto no cenário jurídico quanto no cotidiano de milhares de trabalhadores que dependem desse modelo de prestação de serviços.

Sair da versão mobile