Em uma decisão de junho, a Primeira Turma do Supremo transformou em réus vários indivíduos, entre eles Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e seu irmão Chiquinho Brazão, que é deputado federal. Também figuram entre os réus o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, e o major da Polícia Militar, Ronald Paulo de Alves Pereira. Todos estão atualmente presos. Além deles, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe e suspeito de fornecer a arma do crime, tornou-se réu.
Os réus têm direito legal de acompanhar as audiências na presença de seus advogados, que podem formular perguntas aos depoentes e apresentar documentos pertinentes à sua defesa. As sessões estão programadas para acontecer às 13h, ao longo de cinco dias, até a próxima sexta-feira (16). O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, intimou oito testemunhas de acusação, todas serão ouvidas por videoconferência pelo desembargador Airton Vieira diretamente da sede do STF em Brasília.
Entre as testemunhas de acusação convocadas, destaca-se Fernanda Gonçalves Chaves, assessora de Marielle, que estava no veículo na noite do crime e sobreviveu ao ataque. Fernanda Chaves será ouvida pelo tribunal, e seus advogados foram aceitos como assistentes de acusação pelo ministro Moraes.
Ex-policiais Ronnie Lessa, que confessou ter efetuado os disparos e firmou um acordo de colaboração com a Justiça, e Élcio de Queiroz, apontado como motorista do carro do qual partiram os tiros, também serão ouvidos novamente durante as audiências.
Outras testemunhas incluem delegados e agentes da Polícia Federal responsáveis pela investigação, um ex-assessor de Marielle e o homem suspeito de ter vendido o carro utilizado no crime. Brenno Carnevale, atual secretário de Ordem Pública da prefeitura do Rio de Janeiro e delegado da Polícia Civil, também testemunhará sobre a possível obstrução nas investigações por parte de Rivaldo Barbosa. Ademais, o miliciano Orlando Oliveira Araújo, conhecido como Orlando Curicica, que foi inicialmente apontado como um dos suspeitos e que acusou Barbosa de receber propinas para incriminá-lo, também será ouvido.
No último relatório, a Polícia Federal reiterou acusações de que Rivaldo Barbosa interferiu para dificultar a investigação. Este relatório, anexado ao segundo inquérito focado em crimes de obstrução de Justiça, indica que imagens de câmeras de segurança cruciais foram ignoradas. A investigação sugere que Ronnie Lessa foi identificado como suspeito desde o início, mas as evidências que poderiam confirmar esta suspeita foram deliberadamente desconsideradas.
O documento de 87 páginas, assinado pelo delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby, conclui confirmando os indiciamentos de Barbosa, do ex-delegado Giniton Lages e do comissário Marco Antonio de Barros Pinto. O julgamento promete ser mais um capítulo determinante na busca de justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes, em meio a um clima de atenção e expectativa públicas.