O dispositivo legal em questão foi elaborado com o objetivo de proteger a liberdade de expressão e evitar a censura, prevendo que as plataformas só poderiam ser responsabilizadas pelas postagens de seus usuários caso não tomassem medidas para remover conteúdos ilegais após uma ordem judicial. Contudo, na avaliação de Cármen Lúcia, a realidade tecnológica evoluiu substancialmente desde a promulgação da lei, e as redes sociais adquiriram um papel central como gestoras de informações. A ministra destacou que as plataformas operam com algoritmos obscuros, o que levanta questões sobre a transparência e a responsabilidade dessas empresas em relação ao conteúdo que circula em suas interfaces.
Em seu voto, Cármen enfatizou a necessidade de que a responsabilidade das plataformas seja tratada de maneira semelhante à aplicada em outros contextos jurídicos: “É preciso que essa responsabilidade seja o tempo todo nas mesmas condições que estabelecemos para casos que poderiam ser considerados paralelos”, afirmou.
Esse julgamento, que teve início em 4 de junho e já contabiliza cinco sessões, é crucial para o futuro da regulação das redes sociais no Brasil. Enquanto a maioria dos ministros apoiou a ideia de responsabilização, uma minoria, composta por André Mendonça e Edson Fachin, defendeu a manutenção das diretrizes atuais que limitam a responsabilização das plataformas.
Após o voto de Cármen Lúcia, a sessão foi interrompida, aguardando o pronunciamento final do ministro Nunes Marques, que será o último a se manifestar sobre o tema. A decisão do STF terá um impacto significativo sobre a dinâmica das redes sociais e sua relação com a liberdade de expressão e a moderação de conteúdo.