A origem da controvérsia remonta a supostas irregularidades na gestão de recursos públicos, que teriam sido desviados através de empresas com contratos com o governo estadual. As investigações indicam que essas empresas, além de contratarem firmemente, subcontratavam outras, algumas delas com membros da família do governador como sócios diretos. O montante em questão é alarmante, com os relatos apontando para desvios de aproximadamente R$ 11 milhões.
Em uma votação que se desenrolou virtualmente, a decisão do colegiado foi marcada por 4 votos a 1 a favor do recurso da defesa, que alegou a existência de irregularidades, especialmente no que tange à requisição de relatórios pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e outras medidas que teriam sido tomadas sem a devida autorização judicial. O ministro Mendonça, que proferiu o voto prevalente, elucidou que algumas dessas irregularidades ocorreram no início das investigações, quando a PF solicitou relatórios financeiros sem os procedimentos corretos.
As investigações começaram em 2019 e, após um período de análise, o caso foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tem competência para julgar governadores. O voto de Mendonça resultou na nulidade de provas coletadas entre 25 de maio de 2020 e 12 de janeiro de 2021, além das provas que dela derivaram. Os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes também acompanharam essa linha de julgamento, embora Mendes tenha dissentido em parte ao sugerir a exclusão específica do relatório do Coaf, mas sem anular toda a investigação.
Em um movimento paralelo, a Corte Especial do STJ se reuniu no dia 17 de outubro para dar início ao julgamento da ação penal contra Cameli. Durante esse julgamento, a ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, fez um pedido contundente, propondo a condenação do governador a 25 anos de prisão e a multa de R$ 11 milhões, além da perda do cargo. O processo, no entanto, foi interrompido pelo pedido de vista do ministro João Otávio de Noronha, e devido ao recesso de fim de ano, a continuidade desse julgamento está programada para ocorrer apenas em 2026, ou seja, um longo caminho ainda se espera pela definição legal deste caso.
