Os advogados contaram com um período de 15 dias para elaborar suas versões dos eventos investigados, contagem que se iniciou após a entrega das alegações finais pelo tenente-coronel Mauro Cid, que é um dos delatores do caso e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A conferência de prazos neste tipo de processo é de extrema importância, uma vez que a legislação permite que os réus que não delataram se manifestem por último, garantindo-lhes uma posição estratégica no curso do julgamento.
Após a entrega das alegações finais, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, deve, salvo exceções, dar por encerrada a instrução processual, permitindo que a relação entre os ministros do STF seja pautada para o julgamento. Embora não exista um prazo fixo para a realização deste julgamento, no ambiente do Supremo há a expectativa de que a análise da ação penal sobre a tentativa de golpe ocorra até o fim de setembro deste ano.
Os réus enfrentam acusações graves, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Se condenados, as penas podem ultrapassar 30 anos de detenção, embora a execução das penas não seja automática, dando margem para apelações das defesas.
Importante destacar que, caso haja condenação, os réus não serão necessariamente encarcerados em penitenciárias comuns. Conforme o Código de Processo Penal, oficiais das Forças Armadas têm direito à prisão especial, e entre os investigados estão cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, todos potencialmente beneficiados por tal prerrogativa.
Os alvos centrais dessa investigação são figuras de alto escalão da administração de Bolsonaro, incluindo generais e ex-ministros, que compõem o núcleo principal da suposta conspiração. Este cenário complexo não só levanta questões jurídicas significativas, mas também provoca um intenso debate sobre os limites do poder e as estruturas de governança no Brasil.