A origem da questão remonta a uma ação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que questionou a legalidade das tarifas impostas pelas empresas concessionárias. Durante a sessão, os ministros do STF iniciaram a discussão sobre o referendo da liminar, mas o pedido de vista, feito pelo ministro Luiz Fux, interrompeu o processo de votação. Até o momento, não há uma nova data estabelecida para a continuação dos debates.
Enquanto esse julgamento não avança, a decisão que estabelece o teto para os preços dos serviços funerários permanece efetiva. O relator do caso, Flávio Dino, apresentou um voto que reiterou suas preocupações com as irregularidades e abusos que surgiram após a privatização. Ele citou casos alarmantes, como o de uma família que se viu obrigada a omitir rituais religiosos, pois não possuía recursos financeiros suficientes para pagar uma “taxa de oração” cobrada por uma das concessionárias.
O ministro manifestou sua indignação em relação à situação, questionando como alguém poderia se deparar com a dor da perda de um ente querido e ainda ter que lutar na Justiça para contestar cobranças abusivas. Em apoio a essa perspectiva, o deputado Orlando Silva, do PCdoB-SP, argumentou que a privatização fere o princípio constitucional da dignidade humana. Ele ressaltou as sérias limitações nos sepultamentos gratuitos, apontando que, em certos cemitérios, apenas dois sepultamentos diários são permitidos, o que ele considerou uma medida cruel para aqueles que se encontram em situações vulneráveis.
Dados do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo indicam que, antes da concessão, o custo do pacote funerário mais acessível era de R$ 428,04. Com a privatização, esse valor disparou para R$ 1.494,14, refletindo o impacto financeiro da intervenção privada no serviço. Atualmente, a administração dos funerais na capital paulista está sob responsabilidade de quatro empresas que, além de gerir os cemitérios, são responsáveis pela manutenção e expansão das unidades ao longo de um contrato que terá duração de 25 anos. A procuradoria do município defendeu a legalidade da concessão, mas as discussões sobre os efeitos dessa decisão continuam trazendo à tona questões fundamentais sobre direitos e dignidade.