Segundo o documento, o esquema teve início em novembro de 2021, quando Cid pediu ao sargento do Exército Luis Marcos dos Reis para obter um cartão de vacinação falso para sua esposa. Reis solicitou a ajuda de seu sobrinho, o médico Farley Vinicius de Alcântara, para obter um cartão de vacinação preenchido com informações falsas. Ao tentar inserir os dados no sistema ConecteSUS para emitir o certificado de vacinação, as primeiras tentativas falharam devido a inconsistências nos registros.
No entanto, posteriormente, com a ajuda de outros militares e autoridades locais, como o ex-major Ailton Gonçalves Moraes Barros e o secretário de governo de Duque de Caxias, João Carlos Brecha, os dados falsos foram inseridos com sucesso no sistema, concedendo certificados de vacinação fraudulentos, não apenas para Gabriela Cid e sua família, mas também para Jair Bolsonaro, sua filha Laura, e outras pessoas ligadas ao ex-presidente.
Em sua colaboração premiada, Mauro Cid admitiu sua participação no esquema e afirmou que entregou os certificados falsos diretamente ao presidente Bolsonaro. O objetivo das fraudes era obter certificados de vacinação contra a covid-19 para viagens de lazer aos Estados Unidos.
Diante das evidências apresentadas no relatório, a PF indiciou Bolsonaro, Cid e mais 15 pessoas por diversos crimes relacionados à falsificação de certificados de vacinação. Atualmente, aguarda-se o parecer do Ministério Público Federal sobre o inquérito policial para dar continuidade ao processo.
As defesas dos envolvidos ainda não tiveram acesso ao relatório completo e estão se pronunciando somente de maneira superficial. O advogado Fabio Wajngarten, representante de Bolsonaro, considerou o indiciamento do ex-presidente como absurdo e atribuiu a situação a perseguição política. Bolsonaro sempre negou ter tomado a vacina contra a covid-19, reforçando sua posição em declarações à imprensa.
Diante de um escândalo de tal magnitude envolvendo autoridades e líderes políticos, o desenrolar desse caso promete gerar debates acalorados e questionamentos sobre a ética e integridade no cenário político brasileiro. A sociedade aguarda por respostas e responsabilização dos envolvidos nesse caso que abalou as estruturas do poder no país.