Falcão destacou que não existem impedimentos constitucionais ou legais que impeçam a homologação da transferência da pena solicitada pelas autoridades italianas. Para ele, a não execução da sentença resultaria em impunidade, o que seria inaceitável. O ministro ressaltou que a Constituição proíbe a extradição de brasileiros natos, o que torna a transferência da pena a única alternativa viável.
Além disso, Falcão enfatizou que, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, é vedado julgar alguém duas vezes pelo mesmo crime. Portanto, a recusa em homologar a transferência da pena resultaria em um cenário de impunidade, prejudicando a vítima e desrespeitando os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
O voto do ministro Raul Araújo, que demonstrou divergência em relação ao relator e indicou que votará contra o cumprimento da pena no Brasil, também foi abordado durante a sessão. Araújo salientou que sua análise se baseia em questões legais relativas à cooperação jurídica internacional e não no mérito do crime em si.
O julgamento prosseguirá com a manifestação dos demais ministros do STJ, respeitando a ordem de antiguidade. A Corte Especial, composta pelos 15 ministros mais antigos, é responsável por avaliar se todos os requisitos legais foram atendidos para que a pena de prisão seja cumprida no Brasil, conforme solicitado pela Itália.
Os argumentos da defesa de Robinho, que contestou a transferência da sentença estrangeira, foram rebatidos pelo relator e pela Procuradoria-Geral da República. A discussão se estendeu também à aplicação retroativa da Lei de Migração, com Falcão sustentando que a norma possui natureza procedimental e, portanto, é passível de ser aplicada a casos anteriores à sua vigência.
Diante de uma audiência atenta, a decisão final sobre o caso Robinho será crucial não apenas para o ex-atleta, mas também para o entendimento da justiça brasileira em relação à cooperação jurídica internacional e aos direitos dos cidadãos brasileiros em situações semelhantes. O desfecho desse julgamento certamente terá repercussões significativas no cenário jurídico do país.