JUSTIÇA – Regulamentação da mineração em terras indígenas é retirada de debates do STF, decisão abre caminho para nova conciliação.

A possibilidade de regulamentação da mineração em terras indígenas foi retirada dos debates da comissão de conciliação do Supremo Tribunal Federal (STF) que trata do marco temporal. Durante uma audiência realizada nesta quinta-feira (27), os juízes auxiliares do ministro Gilmar Mendes comunicaram que essa questão será tratada em uma nova conciliação que será aberta pelo próprio ministro.

No mês passado, a inclusão da mineração no debate foi duramente criticada por entidades que atuam em defesa dos indígenas e pelo Ministério dos Povos Indígenas. O ministério afirmou ter sido surpreendido com a possibilidade de liberação da mineração e reafirmou sua posição contrária à inclusão do tema nas discussões.

A próxima reunião de conciliação está marcada para o dia 2 de abril e faz parte de ações protocoladas pelo PL, PP e Republicanos para manter a validade do projeto de lei que reconheceu o marco temporal e processos nos quais entidades indígenas e partidos governistas contestam a constitucionalidade dessa tese.

O marco temporal defende que os indígenas só têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988 ou que estavam em disputa judicial na época. Em agosto do ano passado, a Articulação dos Povos Indígenas (Apib) se retirou da conciliação, alegando que os direitos dos indígenas são inegociáveis e que não há paridade no debate.

Apesar da saída da Apib, o ministro Gilmar Mendes decidiu manter os debates em andamento, afirmando que nenhuma parte envolvida na discussão pode paralisar os trabalhos. Essa decisão permitiu que o Congresso ganhasse tempo para aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para confirmar a tese do marco temporal na Constituição.

Em dezembro de 2022, o Congresso derrubou o veto do presidente ao projeto de lei que validou o marco, enquanto em setembro o Supremo decidiu contra essa mesma tese. A decisão do Congresso foi baseada na justificativa da equipe jurídica do Palácio do Planalto, que levou em conta a decisão da Corte nesse assunto.

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