Além dos policiais, outro agente da Polícia Militar está sendo responsabilizado no processo por colocar pessoas do baile funk em risco. O crime é imputado a ele por ter soltado explosivos durante a operação, aumentando o tumulto no local.
Na segunda-feira (18), a Corte realizou a segunda audiência de instrução. O juiz Ricardo Augusto Ramos colheu o depoimento de uma testemunha protegida, cuja identidade não foi revelada, e de duas profissionais da equipe do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), convidado pela Defensoria Pública de São Paulo para produzir pareceres sobre a causa de morte das vítimas e restituir os fatos com base em materiais audiovisuais.
A biomédica Ana Paula de Souza Velloso, do Caaf, afirmou em seu depoimento que concluiu, em seu parecer, que as nove vítimas da chacina morreram por asfixia mecânica, refutando a tese defendida pelas famílias dos jovens mortos de que as mortes foram causadas por pisoteamento. A suspeita que recai sobre os policiais que atuaram na operação é de que os jovens foram cercados em uma viela da Favela de Paraisópolis e morreram por asfixia.
O Massacre de Paraisópolis ocorreu na noite de 1º de dezembro de 2019, e se a conduta dos agentes de segurança pública for confirmada, configuraria mais um caso de violência policial extrema. Os jovens assassinados naquela noite foram identificados como Gustavo Cruz Xavier, Denys Henrique Quirino da Silva, Marcos Paulo de Oliveira Santos, Dennys Guilherme dos Santos Franco, Luara Victoria de Oliveira, Eduardo Silva, Gabriel Rogério de Moraes, Bruno Gabriel dos Santos e Mateus dos Santos Costa. Eles tinham entre 14 e 23 anos de idade.
O processo contra os policiais foi aberto após o Ministério Público de São Paulo apresentar denúncia. Para os parentes das vítimas e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que elaborou um relatório de 187 páginas, repleto de detalhes, os excessos e abusos de autoridade por parte dos agentes do Estado ficaram evidenciados.
A expectativa pelo desfecho do julgamento e por justiça para as vítimas do Massacre de Paraisópolis aumenta à medida que avançam as etapas do processo. A sociedade e os familiares das vítimas aguardam com ansiedade o desenrolar desses trágicos e controversos acontecimentos.