JUSTIÇA – Procurador pede condenação de réus golpistas que atacaram democracia e disseminaram fake news após derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.

Na última terça-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou à Justiça a necessidade de condenar os sete réus pertencentes ao Núcleo 4 do esquema golpista que visava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas urnas. Em uma argumentação que se estendeu por quase uma hora, Gonet enfatizou o papel deste grupo na criação de uma “guerra informacional”, estratégia adotada para legitimar o golpe de Estado.

O PGR destacou que os réus se dedicaram à produção e disseminação de narrativas falsas, com o objetivo de convencer a população de que as instituições democráticas estavam conspirando contra o povo. Gonet argumentou que essa ação se originou dentro do próprio governo e apresentou evidências da existência de uma chamada “Abin paralela”. Essa estrutura, conforme as alegações, usava recursos da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar opositores políticos.

A acusação afirma que o plano dos réus incluía a elaboração de conteúdos destinados a alimentar a máquina de desinformação, começando por ataques ao sistema eleitoral e progredindo para campanhas de difamação contra autoridades, inclusive ex-comandantes das Forças Armadas que se opuseram aos planos golpistas. Um dos pontos centrais do inquérito é um relatório falso elaborado pelos réus, que continha informações tecnicamente incorretas sobre as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições. Esse documento, segundo Gonet, foi instrumentalizado para incitar a militância bolsonarista contra os resultados da eleição presidencial de 2022.

Os sete réus, que incluem membros das Forças Armadas e de instituições de segurança pública, enfrentam acusações sérias como organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. As defesas se manifestaram, indicando que a PGR não conseguiu apresentar provas concretas que individualizassem as ações de cada réu, utilizando apenas conjecturas para construir seu caso.

O julgamento começou sob a condução do ministro Alexandre de Moraes e prevê mais sessões nos dias subsequentes, com o colegiado da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal se preparando para avaliar a culpabilidade dos envolvidos. Para o processo, as acusações foram divididas em quatro núcleos, com o ex-presidente Bolsonaro já condenado como líder do que foi considerado um plano criminosa. As consequências desse julgamento se estenderão por outros núcleos, com novas datas já agendadas para avaliação. Assim, o desdobrar desse caso relevante para a política brasileira se mostra crucial, não apenas por suas implicações legais, mas também pelo impacto que pode ter sobre a convivência e a democracia no Brasil.

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