JUSTIÇA – Procurador-geral pede reabertura de inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e menciona conversas de WhatsApp com Sergio Moro.

Na última quarta-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, protocolou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a reabertura do inquérito que investigou o ex-presidente Jair Bolsonaro por supostas interferências na Polícia Federal (PF). A solicitação ocorre em um contexto marcado por debates intensos sobre a autonomia das instituições e a integridade das investigações realizadas por órgãos de segurança no Brasil.

A investigação original foi iniciada após a demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que levantou suspeitas de ingerência política ao apontar a troca no comando da PF, especificamente a saída do então diretor-geral Maurício Valeixo, que havia sido indicado por ele. Em março de 2022, a PF concluiu que não houve interferência direta e recomendou o arquivamento do caso. Contudo, os novos desdobramentos mostram que a questão ainda gera descontentamento e demandas por maior clareza sobre os fatos.

No documento enviado ao STF, Gonet argumenta que é fundamental reinvestigar as circunstâncias que envolvem a suposta interferência na PF, fazendo referência a mensagens trocadas entre Moro e Bolsonaro em 2020. Um dos pontos cruciais mencionados inclui uma mensagem enviada por Bolsonaro a Moro em abril de 2020, onde confirmava a demissão de Valeixo. O procurador também destaca que, no dia seguinte, Bolsonaro compartilhou informações sobre investigações da PF que envolviam deputados que o apoiavam, levantando suspeitas sobre possíveis manobras para obstruir investigações.

Gonet enfatiza a necessidade de um exame mais aprofundado para determinar se realmente houve ações que configurariam tentativas de interferência nas operações da PF, especialmente no que diz respeito à utilização da estrutura governamental para fins pessoais, incluindo a obtenção de dados sensíveis. O procurador propõe ainda que a nova investigação considere elementos relacionados à chamada “Abin Paralela,” que investiga a disseminação de desinformação e a utilização de recursos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em atividades questionáveis.

O pedido de reabertura do inquérito agora ficará sob a análise do ministro Alexandre de Moraes, que atua como relator do caso no STF, abrindo espaço para os próximos passos dessa investigação que poderá trazer à tona questões relevantes sobre a relação entre a política e a segurança pública no Brasil. Essa situação destaca a importância de se manter a integridade das investigações, em um momento onde a confiabilidade das instituições é fundamental para a democracia.

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