A acusação contra o ex-presidente se baseava principalmente nas declarações do tenente-coronel Mauro Cid, que é delator da trama golpista e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid afirmou em depoimentos que a ordem para a falsificação dos cartões partiu do próprio presidente. No entanto, Gonet ressaltou que a legislação exige mais do que apenas a palavra de um delator para sustentar uma acusação.
Além disso, o procurador destacou que o arquivamento da investigação sobre os cartões de vacinação não está relacionado à denúncia da trama golpista. Mesmo Mauro Cid atuando como delator em ambas as situações, Gonet ressaltou que as provas apresentadas no caso da trama golpista foram mais consistentes.
Outro beneficiado com o pedido de arquivamento é o deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ), que também foi investigado por ter dados falsos incluídos no ConecteSUS para simular a vacinação contra a covid-19. No entanto, de acordo com as investigações da Polícia Federal, há evidências de que Reis realmente se vacinou e chegou a incentivar a imunização em suas redes sociais.
A Polícia Federal concluiu em março do ano passado que Mauro Cid participou da emissão de cartões falsos de vacinação para Bolsonaro e sua família, além de emitir certificados falsos para suas próprias filhas e esposa. O relatório apontou que a ordem para falsificar os certificados partiu do ex-presidente, com o objetivo de burlar exigências sanitárias de entrada nos Estados Unidos.
Apesar das conclusões da Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República tem a autonomia para solicitar o arquivamento do caso. O pedido de Gonet ao STF destaca a falta de elementos para culpar Bolsonaro pela falsificação dos cartões de vacinação e ressalta a importância de provas mais consistentes para embasar uma acusação deste tipo.
