JUSTIÇA – Procurador-geral aponta provas contundentes de tentativa de golpe liderada por Bolsonaro após derrota eleitoral em 2022, no início do julgamento no STF.

Na última terça-feira, 2 de outubro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou alegações contundentes durante o julgamento que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete ex-auxiliares por tentativa de golpe de Estado. Gonet enfatizou que uma série de provas substanciais — incluíndo testemunhos, documentos e registros — indicam que Bolsonaro estaria à frente de um movimento voltado para desestabilizar a democracia, buscando se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022.

No início da sua sustentação, Gonet destacou que “não há como negar fatos praticados publicamente”, referindo-se a planos golpeadores que foram apreendidos, incluindo uma minuta de decreto vinculada a um plano golpista encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. O procurador também mencionou depoimentos de altos oficiais, como os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, que afirmaram ter recebido propostas de decretos similares em reuniões com Bolsonaro.

O procurador reiterou que a denúncia não se baseou em suposições, mostrando que os próprios envolvidos documentaram as etapas da ação: “Os integrantes da organização criminosa fizeram questão de documentar quase todas as fases da empreitada”. Ele elencou planos com nomes como “Operação 142” e “Punhal Verde e Amarelo”, revelando uma minuciosa preparação para o golpe, que incluía ainda uma operação chamada “Copa 2022”, que visava eliminar adversários políticos, como o ministro do Supremo Alexandre de Moraes e o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, além do vice, Geraldo Alckmin.

Gonet argumentou que essas ações visavam a um ataque explícito à confiança nas instituições democráticas. Ele mencionou que registros e manuscritos apreendidos demonstravam um esforço por deslegitimar o processo eleitoral. O procurador também destacou a importância de responsabilizar os acusados para evitar a impunidade, considerando isso fundamental para a manutenção da democracia.

O julgamento, que está sendo transmitido ao vivo, prevê a análise de graves acusações, como liderança de organização criminosa armada e atentado contra a ordem democrática. As consequências para os réus podem resultar em penas que ultrapassam 30 anos de prisão, dependendo da participação de cada um no suposto esquema. O caso deve seguir até o dia 12 de setembro, em diversas sessões na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os réus incluem figuras proeminentes do governo anterior e são vistos como os principais arquitetos do plano que visava derrubar o resultado das eleições. A condução desse julgamento é um marco significativo na política brasileira, refletindo não apenas o anseio por justiça, mas também a necessidade de reafirmar o respeito às instituições democráticas em um momento de constante tensão política.

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