A PF revelou que o homem detido foi identificado após a coleta de evidências no local do crime, onde foram apreendidas duas espingardas calibre 12, que supostamente pertencem a seguranças privados de uma fazenda na região. As armas estão agora sob análise para determinar sua utilização no ataque. A identidade do segundo suspeito, porém, permanece em sigilo, assim como a informação sobre sua possível detenção.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerca de 20 homens fortemente armados invadiram a área onde os Guarani Kaiowá estavam realizando uma retomada de territorialidade dentro da Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I. O ataque, que ocorreu aproximadamente às 4 horas da madrugada, pegou os indígenas de surpresa, incluindo crianças e mulheres.
O indígena Vicente Fernandes Vilhalva, de 36 anos, foi uma das vítimas fatais, tendo sido atingido na cabeça e não resistido aos ferimentos. Relatos indicam que os atiradores tentaram remover seu corpo, mas foram impedidos por outros membros da comunidade. Além de Vicente, outras quatro pessoas ficaram feridas, incluindo adolescentes e uma mulher.
As investigações também estão apurando a ligação entre o ataque e a morte de um vigilante de segurança, que, segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública, poderia estar relacionado ao mesmo incidente. Contudo, a empresa para a qual ele trabalhava afirmou que o vigilante faleceu em circunstâncias distintas, conforme comprovado no atestado de óbito.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) se manifestou, exigindo uma investigação rigorosa e ações concretas de combate aos grupos armados que ameaçam os indígenas na região. A fundação ressaltou que é inaceitável que vidas indígenas se percam na luta pela defesa de seus territórios tradicionais, especialmente em um momento em que a proteção dos povos indígenas é discutida em fóruns internacionais sobre mudanças climáticas.
Por última, a Funai lembrou que o ataque ocorreu em um contexto mais amplo de resistência dos Guarani Kaiowá, que têm intensificado suas reivindicações por terras nos últimos meses, em resposta a questões relacionadas à saúde e segurança alimentar provenientes do uso indiscriminado de agrotóxicos. A área de Pyelito Kue, que integra a TI Iguatemipeguá I, foi retomada pela comunidade, que aguarda há quatro décadas a conclusão do processo de demarcação territorial.
