JUSTIÇA – “Polícia Federal conclui que Carla Zambelli não agiu para coagir Supremo em investigação sobre obstrução de Justiça e fuga ao exterior”

Na última sexta-feira, a Polícia Federal (PF) apresentou um relatório ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que conclui que a deputada federal Carla Zambelli, do PL de São Paulo, não implementou ações efetivas para coagir a Corte. A investigação acontece no contexto de um inquérito que apura Zambelli por supostos crimes de coação em curso de processo e obstrução de justiça.

A abertura do inquérito se deu em junho, após Zambelli ter viajado para a Itália, aparentemente para fugir de uma condenação imposta pelo STF que a sentenciou a dez anos de prisão por sua participação na invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023. O ministro Moraes, ao iniciar a investigação, apontou postagens feitas pela deputada nas redes sociais e indicou que ela estaria seguindo um “modus operandi” semelhante ao do deputado Eduardo Bolsonaro, que, atualmente, encontra-se nos Estados Unidos.

Durante o desenrolar da investigação, Zambelli fez uma série de publicações criticando Moraes após a sua viagem aos EUA. A delegada encarregada do caso ressaltou que, embora Zambelli tenha mencionado a intenção de se dirigir à Itália para obstruir a justiça, as suas declarações permaneceram no âmbito da retórica e não resultaram em ações concretas que pudessem comprometer o andamento do processo penal).

Segundo o relatório, as afirmações da deputada “não ultrapassaram o campo da retórica”, não havendo provas de que ela tenha conseguido realizar contatos, articulações ou qualquer forma de ação que comprometesse a Justiça. As conclusões da PF agora serão analisadas pelo ministro Moraes, que poderá optar por arquivar o inquérito, solicitar novas investigações ou remeter o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em relação à fuga de Zambelli, que possui dupla cidadania, é importante destacar que ela deixou o Brasil em maio deste ano, logo após a condenação. O processo que a levou à condenação revelou que Zambelli foi a mente por trás da invasão ao CNJ direcionada à emissão de um mandado de prisão falso contra Moraes. O hacker Walter Delgatti, que também foi condenado, confirmou ter executado a operação sob o comando da parlamentar.

Após a sua partida para a Itália, o governo brasileiro formalizou um pedido de extradição, protocolado em 11 de junho pelo ministro, que foi encaminhado ao governo italiano pelo Itamaraty. A situação de Zambelli continua a ser monitorada, enquanto o desenrolar do inquérito permanece aberto a novas reviravoltas.