JUSTIÇA – Polícia Federal aponta que ex-presidente Bolsonaro teve acesso prévio à defesa de general réu em processo de trama golpista, levantando suspeitas de conluio.

A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria tido acesso antecipado à defesa de Mário Fernandes, um dos réus envolvidos no processo sobre alegações de uma trama golpista. Fernandes, um general preso desde novembro do ano passado, é acusado de atuar em um plano que, segundo as investigações, incluía ações violentas contra figuras políticas de destaque no Brasil.

As suspeitas surgiram durante a análise de um relatório em que a PF indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, no contexto de supostas sanções impostas pelos Estados Unidos. Em meio a essa investigação, o celular do ex-presidente foi apreendido, e os agentes descobriram um documento que se assemelha ao protocolado pelos advogados de Fernandes no Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme os dados coletados, a documentação encontrada no aparelho de Bolsonaro possui o mesmo número de páginas e foi recebida pelo STF cerca de uma hora após a criação do arquivo em seu celular. O relatório da PF enfatiza a “notória semelhança” entre os dois, sugerindo que Bolsonaro teria obtido informações privilegiadas sobre a defesa do general.

Ademais, as medidas cautelares impostas durante a ação judicial proíbem Bolívar e os outros réus de manterem contatos entre si, apontando para uma possível continuidade da hierarquia e vínculos entre os envolvidos, mesmo após as restrições legais. A PF assinalou que esse compartilhamento prévio de informações contraria as determinações judiciais.

Durante o mandato de Bolsonaro, Mário Fernandes atuou como secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele é também acusado de ter elaborado um documento, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que supostamente trazia um planejamento voltado para ações de extrema gravidade, incluindo sequestros e homicídios de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes e os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.

Em um desenvolvimento mais recente, Fernandes alegou que Bolsonaro teria endossado um plano golpista com data limite até 31 de dezembro de 2022, quando seu mandato expiraria. Contudo, em seu depoimento no mês passado, Fernandes negou qualquer intenção de executar tais planos, descrevendo o arquivo encontrado como um mero “pensamento digitalizado”.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, manifestou surpresa diante do indiciamento e anunciou que prestará os esclarecimentos requeridos pelo ministro Alexandre de Moraes.

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