O parecer da PGR, liderada pelo procurador-geral Paulo Gonet, foi emitido momentos antes de o STF decidir se considera ou não que motoristas e entregadores de plataformas como Uber e Rappi têm um vínculo empregatício com essas empresas. Gonet fundamentou seu posicionamento citando precedentes do próprio STF que rejeitaram a ideia de vínculos trabalhistas nesse segmento. Conforme suas palavras, “a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme quanto à constitucionalidade de contratação por formas distintas do contrato de emprego regido pela Consolidação das Leis do Trabalho”.
O julgamento do STF, que envolverá duas ações relatadas pelos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, é particularmente significativo. As demandas foram encaminhadas ao Supremo após recursos apresentados pelas plataformas, que buscam reverter decisões da Justiça do Trabalho que já haviam reconhecido esses vínculos. O veredito da Corte não afetará apenas as partes envolvidas nos casos, mas terá repercussões para aproximadamente 10 mil processos que estão congestionados nas varas trabalhistas de todo o país, aguardando uma posição clara do STF sobre essa questão crucial.
O resultado do julgamento pode marcar um divisor de águas nas relações de trabalho dentro da economia digital, impactando diretamente a forma como os motoristas e entregadores são classificados e tratados legalmente. A expectativa é alta, uma vez que a decisão poderá redefinir os direitos dessas categorias e o modo como as plataformas operam em um cenário onde o trabalho informal e os novos modelos de contratação se tornaram cada vez mais comuns. Assim, o desfecho dessa disputa legal poderá influenciar o futuro do trabalho em um Brasil em transformação, onde as tecnologias e a dinâmica do mercado exigem uma adaptação contínua das legislações.