JUSTIÇA – PGR se opõe a vínculo trabalhista entre motoristas de aplicativos e plataformas digitais antes de julgamento no STF que pode impactar 10 mil processos.

Na última terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) que se posiciona contra o reconhecimento de vínculo trabalhista entre motoristas de aplicativos e as plataformas digitais que os contratam. Essa discussão, que explora as características da chamada “uberização” das relações de trabalho, está em foco em razão de um importante julgamento que começará na quarta-feira.

O parecer da PGR, liderada pelo procurador-geral Paulo Gonet, foi emitido momentos antes de o STF decidir se considera ou não que motoristas e entregadores de plataformas como Uber e Rappi têm um vínculo empregatício com essas empresas. Gonet fundamentou seu posicionamento citando precedentes do próprio STF que rejeitaram a ideia de vínculos trabalhistas nesse segmento. Conforme suas palavras, “a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme quanto à constitucionalidade de contratação por formas distintas do contrato de emprego regido pela Consolidação das Leis do Trabalho”.

O julgamento do STF, que envolverá duas ações relatadas pelos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, é particularmente significativo. As demandas foram encaminhadas ao Supremo após recursos apresentados pelas plataformas, que buscam reverter decisões da Justiça do Trabalho que já haviam reconhecido esses vínculos. O veredito da Corte não afetará apenas as partes envolvidas nos casos, mas terá repercussões para aproximadamente 10 mil processos que estão congestionados nas varas trabalhistas de todo o país, aguardando uma posição clara do STF sobre essa questão crucial.

O resultado do julgamento pode marcar um divisor de águas nas relações de trabalho dentro da economia digital, impactando diretamente a forma como os motoristas e entregadores são classificados e tratados legalmente. A expectativa é alta, uma vez que a decisão poderá redefinir os direitos dessas categorias e o modo como as plataformas operam em um cenário onde o trabalho informal e os novos modelos de contratação se tornaram cada vez mais comuns. Assim, o desfecho dessa disputa legal poderá influenciar o futuro do trabalho em um Brasil em transformação, onde as tecnologias e a dinâmica do mercado exigem uma adaptação contínua das legislações.

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