JUSTIÇA –

Pejotização pode desestabilizar Previdência Social e exigir novo modelo de financiamento, alertam representantes do Ministério da Previdência

Na última segunda-feira, representantes do Ministério da Previdência Social expressaram preocupações significativas sobre o fenômeno da pejotização, que se refere à prática de contratar trabalhadores como Pessoa Jurídica (PJ), ou seja, como empresas, em vez de por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Durante uma audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF), o secretário-executivo do ministério, Adroaldo da Cunha, sublinhou a gravidade do assunto, afirmando que essa prática poderia levar ao colapso do modelo de previdência social existente no Brasil.

Segundo Adroaldo, a pejotização vai além de uma mera reforma no sistema previdenciário; trata-se de um prognóstico sombrio: “É o fim do modelo de Previdência Social do Brasil”. Ele alertou que, caso essa tendência continue, tanto o Estado quanto a sociedade enfrentarão graves consequências. Com a migração de trabalhadores da CLT para o regime PJ, muitos dos benefícios atualmente oferecidos pela previdência pública poderiam ser drasticamente cortados, ou o governo teria que arcar com custos cada vez maiores, pressupondo futuramente novas reformas que podem resultar em cortes significativos na proteção social.

Os dados apresentados durante a audiência eram alarmantes. Adroaldo ressaltou que 73% das contribuições à Previdência provêm da folha de pagamento de empregados sob a CLT. A simples substituição de 10% desses trabalhadores por contratos PJ poderia resultar em uma perda anual de cerca de R$ 47 bilhões à Previdência. Esta situação se agrava ainda mais pelo envelhecimento da população, conforme enfatizou o diretor do Departamento de Regime Geral da Previdência Social do INSS, Eduardo da Silva Pereira. Ele destacou que o aumento da pejotização retiraria a responsabilidade das empresas nesse financiamento tripartite, que inclui empregadores, trabalhadores e governo, deixando apenas o Estado e os empregados para arcar com os custos.

Especialistas presentes na audiência defenderam a urgência de um novo modelo de financiamento que possa sustentar a Previdência Social. O economista Felipe Salto sugeriu que, diante da irreversibilidade das novas dinâmicas do mercado de trabalho e da modernização, é imperativo se pensar em alternativas de arrecadação, como a progressividade na tributação das pessoas jurídicas, especialmente para as uniprofissionais. A ideia seria integrar os diferentes regimes tributários existentes de maneira a fortalecer o financiamento do estado.

Assim, a discussão sobre a pejotização não é apenas uma questão trabalhista, mas uma reflexão profunda sobre o futuro da Previdência Social no Brasil, em um cenário onde novas relações de trabalho e tecnologias continuam a emergir e transformar o mercado.

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