Em um relatório circunstanciado enviado à 42ª Vara Criminal da Capital, que emitiu os mandados que deram suporte à operação, a polícia explicou que a complexidade operacional da ação foi amplamente divulgada nos meios de comunicação. Durante a operação, o cumprimento dos mandados de prisão e as buscas precisaram ser interrompidos devido a intensos tiroteios, que levaram várias equipes policiais a sofrer ataques simultâneos.
O documento destaca que, em certos momentos, os policiais foram forçados a recuar das comunidades, adaptando suas estratégias para garantir a segurança das equipes em campo. Essa mudança no planejamento ocorreu em função de prisões em flagrante e apreensões, o que desorganizou o fluxo inicialmente estabelecido pela ação policial.
Adicionalmente, a Polícia Civil detalhou as apreensões realizadas em sete endereços, onde drogas, insumos para fabricação de entorpecentes, aparelhos celulares e computadores foram confiscados. No entanto, em 27 outros locais, os alvos não foram encontrados, e a operação se viu prejudicada por problemas logísticos provocados pelos tiroteios.
A gravidade da situação não passou despercebida pela Justiça. Uma cópia do relatório foi encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo conhecido como ADPF das Favelas, que visa implementar medidas para reduzir a letalidade nas operações policiais em comunidades no Rio de Janeiro. Moraes, atuando como relator temporário da ação, é responsável por deliberar sobre as diretrizes que poderão orientar futuras abordagens policiais.
A Operação Contenção, que mobilizou 2.500 agentes, é considerada a mais letal nos últimos 15 anos no estado e teve como objetivo conter o avanço do Comando Vermelho, cumprindo um total de 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão. Além das 121 mortes, foram realizadas 113 prisões, incluindo 33 indivíduos de outras unidades federativas, e 118 armas foram apreendidas, junto a uma tonelada de drogas. A magnitude e o trágico desfecho desta operação sinalizam os desafios enfrentados na luta contra o crime organizado no Rio de Janeiro.









