O documento aponta duas mortes que se destacam por suas circunstâncias atípicas em relação a operações de segurança pública. Após a análise mais detalhada dos corpos, os promotores descobriram “lesões atípicas” em dois deles: um apresentava marcas de tiros a curta distância, enquanto o outro estava decapitado, evidências que levantam questões sobre como essas mortes ocorreram e as táticas utilizadas pelas forças policiais.
Em geral, a maioria dos corpos exibia ferimentos provenientes de tiros de fuzil, principalmente nas regiões do tórax e abdômen, compatíveis com lesões típicas de tiroteios em confrontos armados. O relatório ainda destacou que todos os falecidos eram homens, majoritariamente jovens com idades entre 20 e 30 anos. Curiosos detalhes adicionais foram registrados, como o fato de que alguns deles vestiam roupas camufladas, coletes táticos com munições, botas operacionais e luvas adequadas, além de portar celulares e substâncias ilícitas.
A análise pericial também revelou que muitos dos mortos tinham múltiplas tatuagens, algumas delas relacionadas a facções criminosas e referências ao combate a policiais, o que sugere um envolvimento profundo com atividades ilícitas.
O MPRJ delineou também as etapas seguintes da investigação, que incluem a análise detalhada das imagens das câmeras corporais dos policiais envolvidos na operação e uma investigação minuciosa do local do ocorrido. O relatório foi adicionado a um processo mais amplo, conhecido como ADPF das Favelas (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), que já propôs diversas medidas visando a redução da letalidade durante operações em áreas vulneráveis do Rio de Janeiro. O ministro Alexandre de Moraes, que é o relator temporário dessa ação no STF, terá um papel crucial na condução das próximas etapas desse debate.
