A decisão provocou polêmica, especialmente entre as defesas dos tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima. Ambos foram instruídos a trocar de vestimenta antes de comparecer ao depoimento, o que gerou desconforto. A defesa de Martins, atualmente detido em uma unidade militar, alegou que a condição de farda é uma obrigação durante sua permanência no local. Os advogados contestaram a determinação por considerá-la uma violação da dignidade do militar, uma vez que o obrigava a usar uma roupa emprestada para prestar depoimento, o que consideraram um constrangimento ilegal.
Luciano Pereira Alves de Souza, advogado de Hélio Ferreira Lima, reforçou a indignação sobre a situação vexatória a que estava submetido o réu, que foi solicitado a despir-se de sua farda, um vestuário que ele se obrigava a usar durante todo o expediente. Ele destacou que não houve qualquer aviso prévio de que o depoimento exigiria o uso de roupas civis, o que teria permitido ao militar se preparar adequadamente.
De acordo com investigações da Procuradoria-Geral da República, os dois oficiais estariam integrados a um grupo que planejava ações notórias em Brasília, incluindo ações que visavam a captura e até a execução de Moraes. As investigações mostraram que, em 15 de dezembro de 2022, os tenentes coronéis estavam monitorando a movimentação do ministro, à espera de instruções para executar o plano golpista, que foi abortado pela resistência do comando do Exército na época.
Além dos dois tenentes coronéis, o núcleo 3 é composto por um total de dez réus, sendo nove militares e um policial federal, acusados de preparar ações de campo para a realização do plano golpista e pressionar o alto comando das Forças Armadas a se unir ao complô. O próximo interrogatório está marcado para esta segunda-feira, e os acusados incluem figuras de destaque dentro do Exército e da polícia federal, todos envolvidos na conturbada situação política que tomou conta do Brasil nos últimos meses. A expectativa é que o caso siga sob intenso escrutínio da sociedade, refletindo as preocupações sobre a integridade das instituições e a desestabilização democrática no país.