Os advogados do ex-presidente argumentaram que era necessário adiar o interrogatório de oito réus envolvidos na trama, incluindo o próprio Bolsonaro. A defesa sustentou que desejava ter a oportunidade de questionar testemunhas que estão sendo ouvidas em outras ações penais relacionadas ao mesmo caso. Além disso, a equipe jurídica alegou falta de tempo para analisar a vasta quantidade de documentos e provas coletados pela Polícia Federal, que foram oficialmente anexados ao processo em 14 de maio.
No entanto, ao negar a suspensão, Moraes defendeu que a solicitação não apresentava fundamentos válidos. Em sua decisão, o ministro ressaltou que a defesa deveria ter preparado adequadamente sua estratégia, podendo ter, inclusive, indicado até 40 testemunhas para serem ouvidas, incluindo réus de outros processos. Diante disso, Moraes afirmou que não havia razoabilidade em postergar o interrogatório para aguardar as oitivas em outros casos.
Os advogados de Bolsonaro inicialmente indicaram 15 testemunhas, mas retiraram a solicitação de seis delas. O processo de depoimentos na primeira ação penal sobre a suposta trama golpista foi concluído na última segunda-feira, 2 de outubro, e Moraes agendou o início dos interrogatórios dos réus para o próximo dia 9.
Em sua manifestação, o ministro foi enfático ao afirmar que não havia justificativa legal ou razoável para interromper a ação penal, uma vez que as testemunhas propostas pela defesa não haviam sido consideradas essenciais para o andamento do caso. Em um movimento similar, Moraes já tinha negado, na mesma noite, um pedido feito pelo general Walter Braga Netto, outro réu na mesma ação.
A ação penal, classificada como 2668, focaliza o que foi denominado de “núcleo crucial” da suposta trama golpista. De acordo com a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, este núcleo abrangeria as principais figuras envolvidas no complô. A divisão da denúncia em cinco núcleos, incluindo este primeiro, foi aprovada pela Primeira Turma do STF, que é responsável pelo julgamento do caso.
Os réus do núcleo crucial são Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, o general Augusto Heleno, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira e Mauro Cid. A gravidade das acusações e a relevância dos envolvidos destacam a importância desse caso no cenário jurídico e político do país, cuja evolução será acompanhada de perto pela sociedade e pela imprensa.