JUSTIÇA – Moraes esclarece deliberação sobre compartilhamento de dados do Coaf, ressalta validade de solicitações por autoridades investigatórias e limita suspensão a decisões fora do entendimento do STF.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou na última segunda-feira (25) esclarecimentos sobre sua recente decisão que suspendeu ações judiciais relacionadas ao compartilhamento de dados de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que foram requisitados sem prévia autorização judicial. Este desdobramento se tornou necessário após alertas emitidos pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontaram que a amplitude da decisão poderia dificultar as investigações no combate ao crime organizado.

Moraes destacou que sua decisão tem um alcance mais restrito do que inicialmente poderia ser interpretado, aplicando-se apenas a casos que não atenderam aos precedentes do Supremo. Em uma análise realizada no ano anterior, a Corte havia validado o compartilhamento de dados financeiros sem a necessidade de autorização judicial, reforçando que essa prática é legal em determinadas circunstâncias.

“Desse modo, ficam excluídas da abrangência da suspensão as decisões que reconheceram a validade das requisições de relatórios pelas autoridades investigatórias, por não implicarem risco de paralisação ou prejuízo às investigações”, ressaltou o ministro em nota oficial. Esta explicação vem no contexto de sua decisão anterior, que suspendeu todas as ações judiciais em andamento que questionavam a legalidade do repasse de informações financeiras do Coaf.

A medida foi solicitada pela PGR, que se baseou em decisões recentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de outros tribunais que anularam relatórios de inteligência e fiscalizações da Receita Federal, usados em investigações criminais. Após o pronunciamento de Moraes, o MPSP e a PGR informaram que a decisão está sendo utilizada por advogados de acusados em processo, que tentam anular relatórios de inteligência financeira (RIFs).

Com esse cenário, fica evidente a importância do equilíbrio entre a proteção dos direitos individuais e a efetividade das ações de combate ao crime organizado, um tema que continua a gerar debates intensos no meio jurídico e nas esferas de segurança pública. A decisão de Moraes representa uma tentativa de navegar essas águas turvas, garantindo que as investigações não sejam comprometidas, ao mesmo tempo em que respeita os princípios legais estabelecidos.

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