JUSTIÇA – Ministro Moraes Vota pela Condenação de Nove Réus em Caso de Tentativa de Golpe, mas Absolvição de General Ganha Destaque na Decisão do STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou um passo significativo no julgamento do núcleo 3 da trama golpista relacionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesta terça-feira (18), Moraes votou pela condenação de nove réus envolvidos, mas surpreendentemente absolveu o general Estevam Teóphilo, a figura de maior patente entre os acusados. Os réus fazem parte de um grupo conhecido como “kids-pretos”, composto por militares que atuaram em forças especiais do Exército.

De acordo com o voto de Moraes, dois acusados, o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior e o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior, devem enfrentar condenações por crimes mais leves, incluindo incitação à animosidade das Forças Armadas e associação criminosa. Já os outros seis militares e um policial federal enfrentam acusações mais graves, como organização criminosa armada e golpe de Estado. Esses atos foram caracterizados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte de um complô para desestabilizar o Estado Democrático de Direito.

Durante a sessão extraordinária da Primeira Turma do STF, que ainda contará com os votos de outros ministros como Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, Moraes revelou evidências que indicam um plano bem orquestrado. As provas incluem a localização dos réus através de dados de telefonia celular e conversas no aplicativo Signal, sugerindo uma intenção de eliminar autoridades vistas como adversárias, incluindo Moraes e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio Moraes destacou que foi salvo de um planejamento de assassinato devido a um recuo de última hora do ex-presidente Bolsonaro, que não conseguiu convencer o comandante do Exército a se juntar ao plano.

Além disso, a investigação revelou documentos como os planos “Copa 2022” e “Punhal Verde e Amarelo”, que previam o uso de armamento pesado para atacar autoridades. Moraes citou ainda um plano específico para assassinar Lula, destinado a ser executado por meio de métodos como envenenamento.

A gravidade dos crimes percebidos nas ações dos réus levou Moraes a caracterizar a intenção do grupo como uma tentativa de instaurar uma “verdadeira ditadura” com o apoio das Forças Armadas, traçando paralelos com eventos históricos do golpe civil-militar de 1964 no Brasil. As defesas dos réus negaram enfaticamente a participação de seus clientes na trama golpista, questionando a condução das investigações pela Polícia Federal.

Com essas novas condenações, o STF totaliza 15 réus já julgados pela trama golpista, enquanto outros núcleos da investigação estão programados para avaliação em dias subsequentes. O judiciário permanece em ação ativa em busca de esclarecimentos e responsabilidades em relação a esses eventos críticos da recente história política do país.

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