Fux, ao divergir dos votos do relator Alexandre de Moraes e do ministro Flávio Dino, reafirmou que o extenso volume de evidências apresentadas, somando mais de 70 terabytes, foi um fator determinante para limitar a capacidade de defesa dos acusados. Segundo o ministro, a falta de tempo adequado para que os advogados analisassem essa quantidade colossal de dados constituiu uma obstáculo significativo. Ele ressaltou que o material foi disponibilizado apenas dias antes do início da oitiva das testemunhas, o que verdadeira e formalmente comprometeu a defesa.
Para Fux, a solução para essa situação seria a anulação do processo até o ponto de recebimento da denúncia, por conta do que ele classificou como um “tsunami de dados” disponibilizados de forma inadequada. Em seu voto, Fux expressou a complexidade da situação, afirmando que a análise dos documentos foi uma tarefa monumental.
Na sessão anterior, Moraes e Dino decidiram rejeitar as alegações de cerceamento de defesa, afirmando que a inclusão dos dados foi feita a pedido das próprias defesas, embora alguns desses arquivos não tenham contribuído para as investigações. O ministro Fux é o terceiro a emitir seu voto, sendo o primeiro a se opor diretamente às questões preliminares levantadas.
O julgamento, iniciado em 2 de setembro, é de grande relevância não apenas pelo envolvimento de um ex-presidente, mas também por seu contexto jurídico, uma vez que envolve vários réus que incluem figuras de destaque da política e das forças armadas do Brasil. Esses réus enfrentam graves acusações, envolvendo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes.
As expectativas são altas, uma vez que a análise deve se estender até o dia 12 de outubro, com os votos de outros ministros, como Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A atenção do país está voltada para os desdobramentos desse caso, que pode ter implicações profundas sobre a política brasileira e a legitimidade do processo eleitoral recente.