JUSTIÇA –

Ministro Flávio Dino Abre Inquérito para Investigar Indicações de Crimes de Bolsonaro na CPI da Pandemia

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou a decisão de abrir um inquérito a ser conduzido pela Polícia Federal (PF), com o objetivo de investigar as conclusões do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisou a pandemia de covid-19. O ex-presidente Jair Bolsonaro figura como um dos principais envolvidos nas suspeitas levantadas pelo documento, que sugere uma série de irregularidades.

Ao justificar sua decisão, Dino declarou que foram observados os requisitos legais para dar início à investigação, enfatizando a importância de apurar os fatos mencionados. O prazo para a conclusão das investigações foi estipulado em 60 dias, um período considerável para que a PF possa coletar evidências e depoimentos relevantes.

O relatório da CPI, que atuou entre abril e outubro de 2021, apontou indícios de crimes relacionados à Administração Pública. Entre as irregularidades citadas estavam contratos fraudulentos, licitações suspeitas, superfaturamento e desvios de recursos públicos. O ministro enfatizou que as denúncias incluem a assinatura de contratos com empresas consideradas “de fachada”, facilmente reconhecíveis pela prestação de serviços genéricos ou fictícios.

Os parlamentares da CPI atribuem a Bolsonaro um papel central na gestão da crise sanitária que resultou em mais de 700 mil mortes no Brasil durante a pandemia. O relatório final incluiu recomendações para indiciar o ex-presidente por nove crimes, incluindo charlatanismo, prevaricação e infração de medidas sanitárias, além de responsabilizações dentro da Lei de Impeachment e por crimes contra a humanidade, conforme estabelecido pelo Estatuto de Roma.

Além do ex-presidente, 77 outras pessoas físicas e duas pessoas jurídicas também foram indiciadas. Entre os nomes mencionados, destacam-se o senador Flávio Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que estiveram diretamente ligados à gestão da saúde pública durante o período crítico da pandemia.

O relatório, que tinha 1.288 páginas, foi entregue à Procuradoria Geral da República (PGR) mas, até então, não resultou em nenhuma investigação específica no STF. Embora algumas apurações preliminares tenham sido iniciadas pela PGR, comentários de sua vice-procuradora-geral na época indicavam que o material coletado apresentava deficiências significativas para embasar um inquérito formal. A decisão do ministro Dino, portanto, renova as expectativas de uma resposta contundente aos indícios apresentados pela CPI e à gravidade das acusações.

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