A votação de Nunes Marques, que foi nomeado por Bolsonaro para integrar a Corte em 2020, foi um dos passos cruciais para definir o rumo do caso. Com o voto do ministro, o STF contabilizou oito votos a favor da manutenção de Moraes, Dino e Zanin no julgamento do núcleo 1 da denúncia. Este núcleo, do qual Bolsonaro e Braga Netto fazem parte, será julgado pela Primeira Turma do Supremo na próxima terça-feira (25), com a possibilidade de os réus serem decididos.
O embate jurídico teve desdobramentos nos últimos meses, quando o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, rejeitou os pedidos da defesa de Bolsonaro para declarar impedidos os ministros Zanin e Dino. Diante disso, a defesa do ex-presidente recorreu da decisão e solicitou que o caso fosse avaliado pelo plenário da Corte.
Os argumentos apresentados pelos advogados contra a participação dos ministros no julgamento giram em torno de supostos conflitos de interesse. Flávio Dino teria entrado com uma queixa-crime contra Bolsonaro enquanto ocupava o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, antes de chegar ao STF. Já Cristiano Zanin, segundo a defesa de Bolsonaro, atuou como advogado da campanha de Lula e ingressou com ações contra a chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Além disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou em fevereiro Bolsonaro e outras 33 pessoas ao STF pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A acusação inclui também outros militares, como Walter Braga Netto e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Diante de um cenário jurídico complexo e cercado de polêmicas, o desfecho do julgamento promete ser decisivo para o futuro político do Brasil.