JUSTIÇA – Ministro do STF suspende pagamento de multas da Novonor decorrentes de acordo de leniência na Lava Jato em decisão que atende pedido da empresa.

Na última semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli tomou uma decisão que está gerando polêmica no meio jurídico. Ele suspendeu o pagamento de multas da empreiteira Novonor, antiga Odebrecht, que estavam previstas no acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal (MPF) em 2016, no contexto da Operação Lava Jato. A medida atende a um pedido feito pela empresa, que alegou graves dificuldades financeiras que comprometem sua sobrevivência.

Segundo o acordo firmado na época, a Odebrecht se comprometeu a pagar uma multa no valor de R$ 8,5 bilhões aos Estados Unidos e à Suíça. No entanto, a Novonor argumentou que não tem condições de arcar com todas as obrigações pecuniárias originalmente pactuadas, o que justificou o pedido de suspensão.

A decisão de Toffoli veio após a empresa solicitar acesso integral aos documentos da Operação Spoofing, que foi deflagrada em 2019 para investigar a troca de mensagens entre o então juiz Sergio Moro e membros do Ministério Público. A Novonor alega que, ao analisar parte desse material, foi possível corroborar suspeitas de que foram praticados excessos em relação a ela pelos membros da Força Tarefa da Lava Jato.

Com base nessas alegações, o ministro determinou que a suspensão das multas seja mantida até que a Novonor possa analisar todo o material relacionado à Operação Spoofing. Além disso, Toffoli autorizou a empresa a promover a reavaliação dos termos dos acordos de leniência firmados com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU), possibilitando a correção de eventuais ilicitudes e abusos identificados.

O ministro argumentou que a troca de mensagens confere plausibilidade suficiente às teses levantadas, incluindo a de conluio entre Moro e membros do Ministério Público Federal. Em sua decisão, Toffoli afirma que, diante das informações obtidas até o momento, existe uma dúvida razoável sobre a voluntariedade da Novonor ao firmar o acordo de leniência, o que justifica a paralisação dos pagamentos das multas.

Essa não é a primeira vez que Toffoli toma uma decisão favorável à Novonor. Em setembro do ano passado, ele acatou um pedido da empresa para invalidar todas as provas obtidas nos acordos de leniência da Odebrecht. A medida vem gerando controvérsias e dividindo opiniões no meio jurídico, já que muitos acreditam que a suspensão dos pagamentos das multas pode comprometer a efetividade dos acordos de leniência.

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