Na justificativa, a magistrada destacou que o Teatro é composto por 15 estruturas interligadas de contêineres, além de possuir uma programação cultural já confirmada até dezembro. Segundo ela, a desmontagem do espaço não se trata de um processo simples e necessitaria de planejamento técnico e logístico. O impacto da desocupação seria significativo, afetando não somente o teatro, mas toda a comunidade envolvida, incluindo artistas e educadores.
Por outro lado, a Prefeitura de São Paulo expressou suas intenções de revitalizar a área, planejando a construção de um prédio destinado a habitação de interesse social no local. Segundo a administração municipal, foram oferecidas alternativas para a realocação do teatro em três áreas legalizadas, mas a proposta foi recusada. Recentemente, foi publicada uma autorização de uso de até 60 dias para que o teatro se transferisse para um novo espaço, de 1.043 metros quadrados na Rua Helvétia, próximo à Avenida São João.
Em entrevista, o prefeito Ricardo Nunes afirmou que ainda não tinha conhecimento da decisão judicial, mas reafirmou o compromisso da prefeitura com o diálogo. Ele mencionou que a gestão havia investido R$ 2,5 milhões no Teatro de Contêiner e que a construção projetada incluiria 95 habitações e uma área de lazer.
A recente abordagem da Guarda Civil Metropolitana, que utilizou gás de pimenta para retirar artistas de um prédio anexo ao teatro, gerou indignação entre a classe artística e instituições como o Ministério da Cultura e a Funarte. Diversos artistas, incluindo figuras renomadas como Marieta Severo e Fernanda Montenegro, se manifestaram contra a ação, ressaltando a importância do teatro para a cultura e a revitalização da região.
O Teatro de Contêiner Mungunzá, que opera desde 2016 na área afetada, é visto como parte fundamental do renascimento cultural da região. O desejo do coletivo é que o espaço se torne oficialmente parte das políticas culturais da Prefeitura, enquanto a administração municipal insiste na necessidade de desenvolver o local para atender questões habitacionais. O futuro do teatro agora permanece incerto, em meio a tensões entre a preservação cultural e os planos de urbanização.