Recentemente, o Tribunal Superior de Justiça de Londres condenou a BHP, acionista da Samarco, pelo papel que desempenhou nessa calamidade. A decisão é um passo significativo no processo de responsabilização, que busca compensar as vítimas do crime socioambiental. Em um cronograma que se estende até outubro de 2026, as audiências iniciais vão avaliar os danos sofridos, e estima-se que essa fase dure cerca de seis meses.
A advogada Caroline Narvaez, que representa as famílias impactadas, esclareceu que o processo de quantificação das perdas será complexo. Determinados casos servirão como referência para calcular os danos e estabelecer reparações. Por exemplo, um pescador que sofreu perdas tanto materiais quanto sociais poderá ser um modelo para outras reivindicações, já que muitos afetados enfrentam dificuldades para comprovar suas perdas individualmente.
Narvaez ressaltou a diversidade de vítimas, incluindo membros de comunidades tradicionais e quilombolas, pessoas que perderam suas casas, familiares e o acesso a recursos vitais como a água. A advogada considerou inaceitável a decisão da BHP e da Samarco de elevar as barragens, ignorando os alertas sobre os riscos envolvidos.
As consequências do rompimento da barragem são profundas e trágicas: ao menos 19 vidas foram perdidas, além da destruição de plantações, lares e ecossistemas. O desastre atingiu não apenas municípios mineiros, mas também cidades no Espírito Santo, provocando a contaminação de toda a bacia do Rio Doce, chegando até o Oceano Atlântico. Apesar das alegações da Samarco de que a qualidade da água e a vida aquática estariam se recuperando, a realidade para as comunidades afetadas é muito diferente e exige um olhar atento sobre as necessidades de reparação e recuperação.
