No vídeo, uma colega de trabalho apresenta Noemi, fazendo uma série de piadas racistas sobre sua cor de pele. Essa apresentação, acompanhada de comentários depreciativos e humilhantes, tornou-se a prova robusta que fundamentou a decisão judicial. Em um dos trechos mais impactantes, a funcionária, ao se referir a Noemi, diz: “Tá escurecendo a nossa loja? Acabou a cota, tá? Negrinho não entra mais.” Tais declarações ampliam a gravidade do que deve ser considerado um ato de discriminação racial, revelando práticas de racismo estrutural no ambiente de trabalho.
A juíza Rosa Fatorelli Tinti Neta, ao analisar o caso, repudiou a alegação de que os comentários eram meras “brincadeiras”. Para a magistrada, a situação demonstra uma lógica de desqualificação e invisibilização que perpetua estruturas sociais discriminatórias. Ela destacou que, apesar da tentativa de justificar as falas como humorísticas, isso não diminui a seriedade do racismo presente na conduta.
Ademais, Tinti Neta enfatizou que a falta de ação por parte da Drogasil em garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso a coloca como corresponsável pelo ato discriminatório. Em função da gravidade do ocorrido, a juíza impôs uma indenização de R$ 37 mil a Noemi, valor que foi posteriormente ratificado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2).
Em resposta à condenação, a rede Raia Drogasil Saúde expressou profunda preocupação com o episódio e reafirmou seu compromisso com a diversidade e a inclusão, ressaltando que não tolera qualquer forma de discriminação. Na nota, a empresa afirmou que promove ativamente um ambiente de trabalho respeitoso, e que seus esforços em ações de equidade racial já são visíveis, com um expressivo número de funcionários negros e pardos ocupando cargos de liderança.
O caso repercute em um contexto mais amplo sobre a necessidade de conscientização e combate ao racismo nas relações de trabalho, destacando a importância de ações efetivas que visem a promoção de um ambiente inclusivo e igualitário.