O general, que está preso desde novembro do ano passado, participou de uma audiência por videoconferência no Supremo Tribunal Federal (STF). Acusado de ser um elo entre os manifestantes acampados e o governo de Bolsonaro, Fernandes ressaltou sua condição de cidadão ao se dirigir ao Quartel-General do Exército. Durante seu depoimento, ele defendeu os manifestantes, alegando que nem todos eram golpistas e que muitos deles estavam lá para expressar suas preocupações sobre o país, enfatizando que a presença deles era um “festejo de patriotas”.
Entretanto, Fernandes está ligado a um caso mais complicado. Ele ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e, de acordo com as investigações, foi o responsável pela elaboração de um documento alarmante, conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”. Este arquivo, que delineava planos para ações contra figuras do governo atual, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin, foi impresso em uma impressora do Palácio do Planalto a pedido do general.
Durante o interrogatório, Fernandes insistiu que o documento era de natureza pessoal e que sua intenção era apresentá-lo ao Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo general Augusto Heleno, também réu no processo. Ele negou que o arquivo tivesse como objetivo ser apresentado a Bolsonaro e argumentou que visava apenas assessorar Heleno em situação de crise, sem relação com os eventos que a Procuradoria-Geral da República (PGR) considera como tentativa de golpe.
A fase de interrogatório dos réus está se aproximando de suas conclusões, com o julgamento previsto para o segundo semestre deste ano. As denúncias foram organizadas em quatro núcleos, sendo que o primeiro, que inclui o ex-presidente Bolsonaro e outros sete réus, já está em fase de alegações finais, aguardando julgamento em setembro. Assim, a expectativa em torno do processo envolve não apenas a condenação ou absolvição dos réus, mas também o futuro político do país e suas instituições democráticas.