Em sua defesa, o ex-ministro enfatizou não ter coordenado ações na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a elaboração de relatórios fraudulentos e declarou que nunca tratou de temas ilegais com Bolsonaro, autoridades militares ou outros membros do governo. Durante o interrogatório, ele se referiu a uma reunião gravada em julho de 2022, alegando que suas declarações ali foram mal interpretadas. Naquela ocasião, ele teria mencionado que, após a divulgação dos resultados das eleições, não haveria espaço para revisões e que qualquer ação deveria ocorrer antes do pleito.
Heleno alegou que suas falas sobre “dar soco na mesa” ou “virar a mesa” tinham um caráter figurado, enfatizando sua preocupação com a instabilidade política e a necessidade de agir rapidamente para garantir a lisura do processo eleitoral. Ele reforçou que as conversas com o então diretor interino da Abin, Victor Felismino Carneiro, eram voltadas para a segurança das campanhas eleitorais, especialmente em evitar incidentes como o atentado sofrido por Bolsonaro em 2018 em Juiz de Fora.
Além disso, Heleno desqualificou a interpretação aventada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apresentou as anotações apreendidas em sua casa como indicativo de um plano conspiratório. Ele assegurou que os conteúdos ali registrados nunca foram partilhados e não refletiam intenções golpistas.
A audiência segue em um contexto de crescente vigilância sobre as práticas de segurança e o respeito à democracia no Brasil, intensificada por tensões políticas e sociais que caracterizam o período pós-eleitoral. A profundidade das alegações e os desdobramentos desse caso podem suscitar debates significativos sobre a integridade das instituições democráticas no país.