JUSTIÇA – General confirma reunião com Bolsonaro e é interrogado no processo sobre trama golpista envolvendo militares e tentativas de pressão nas Forças Armadas.

Na manhã desta segunda-feira, 28 de agosto, o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira confirmou a sua reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrida em dezembro do ano passado. Durante o encontro, o general afirmou ter ouvido um desabafo de Bolsonaro sobre sua derrota nas eleições, o que, segundo ele, se configurou mais como um monólogo do que uma troca de ideias. Teophilo insistiu, em seu testemunho, que não teve qualquer intenção de se envolver com os atos ilegais e inconstitucionais que constituíram o golpe em planejamento.

O general se encontra entre os dez réus do núcleo três da acusação golpista, conforme investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O grupo é acusado, entre outras coisas, de elaborar estratégias para dar respaldo à tentativa de golpe e de tentar convencer o alto comando das Forças Armadas a apoiar essa ação. Durante o seu depoimento, Teophilo negou veementemente qualquer envolvimento com os co-réus, afirmando que sua postura era apenas de consolo ao ex-mandatário e não de conluio.

Um ponto relevante do depoimento de Teophilo também inclui a menção ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, que, segundo seu relato, teve o cuidado de não se envolver em questões que pudessem acirrar os ânimos. Teophilo citou a ordem de Freire Gomes para que ele representasse o Exército na reunião com Bolsonaro, uma vez que o comandante se encontrava fora de Brasília na data do encontro. A PGR, por sua vez, argumenta que a resistência de Freire Gomes em se alinhar ao golpe foi crucial para o fracasso da empreitada.

Durante seu depoimento, o general Teophilo salientou que não recebeu qualquer proposta ou documento que sugerisse uma ação ilegal. Ele enfatizou que, em nenhum momento, foi apresentado a ele qualquer tipo de elemento que pudesse indicar um caminho para adesão ao golpe. O Supremo Tribunal Federal (STF) está, neste momento, conduzindo os interrogatórios do núcleo golpista, formado por uma maioria de militares e um policial federal, todos envolvidos nas estratégias que visavam a desestabilização da democracia no país. Os réus, além de Teophilo, incluem coronéis e tenentes-coronéis, que na próxima fase do processo também poderão ser ouvidos.

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