JUSTIÇA – General Braga Netto pode ser condenado com base em delação “mentirosa”, afirma defesa em julgamento que envolve Jair Bolsonaro e aliados.

O advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima, popularmente conhecido como Juca, subiu à tribuna nesta quarta-feira (3) para defender o general Walter Braga Netto, ressaltando que seu cliente enfrenta sérios desafios no processo judicial em curso. Juca alertou que Braga Netto, que já ocupou o cargo de ministro da Casa Civil e foi vice na chapa presidencial de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, corre o risco de ser condenado injustamente com base em uma delação premiada que considera “mentirosa”. A delação em questão foi feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O advogado destacou que o testemunho de Cid surgiu após um período de quatro meses em que esteve preso. Juca mencionou, inclusive, que Cid havia admitido em áudios que foi coagido a falar durante seu depoimento. Para reforçar seu argumento, o defensor citou a inconsistência das declarações de Cid, que forneceu cinco versões diferentes sobre os mesmos fatos investigados.

Entre as acusações mais pesadas contra Braga Netto, Cid afirmou que o general recebeu uma quantia significativa de dinheiro, supostamente destinada ao financiamento de uma tentativa de golpe. No entanto, Juca questionou a credibilidade deste relato, observando que a menção ao dinheiro só surgiu 15 meses após o primeiro depoimento de Cid. Isso levantou a suspeita do ministro Alexandre de Moraes, que já havia colocado a delação sob análise rigorosa.

“É aceitável que um delator demore tanto tempo para apresentar uma informação tão crucial? É um escândalo!”, exclamou Juca em sua sustentação oral durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele demonstrou indignação ao afirmar que as alegações de Cid poderiam levar seu cliente a uma condenação de até 20 anos de prisão, questionando se tal desfecho seria justo.

Juca utilizou um tom incisivo ao se referir a Cid, chamando-o de “irresponsável” e “artista de péssima qualidade”. O advogado ainda destacou que a Procuradoria-Geral da República não apresentou provas concretas para respaldar as acusações, limitando-se a narrativas que, segundo ele, não são suficientes para justificar uma condenação.

A Primeira Turma do STF, que está apreciando o caso, ouviu os argumentos dos advogados de outros réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O processo gira em torno de uma suposta trama golpista que buscava manter o ex-presidente no poder após a derrota nas eleições de 2022. O julgamento envolve um total de oito sessões, que culminarão com a sentença para os réus, incluindo a possibilidade de condenação ou absolvição.

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